Folha de S.Paulo

Doria aperta restrições de SP um dia após Covas se eleger

Medida de enrijecime­nto da quarentena não altera funcioname­nto das escolas, que continuam abertas

- Aline Mazzo e Igor Gielow

A cidade de São Paulo vai regredir para a fase amarela do Plano São Paulo, assim como as outras regiões do estado que já estavam na fase verde. Com a decisão, comércios e serviços vão voltar a funcionar menos horas por dia.

A regressão de fase foi anunciada um dia após a eleição do segundo turno da capital paulista, vencida por Bruno Covas (PSDB), apoiado pelo governador do estado, João Doria (PSDB). A mudança não afeta escolas.

Com a fase amarela, a ocupação dos estabeleci­mentos fica limitada a 40%; o funcioname­nto volta a ser de dez horas por dia e até 22h; e eventos com público em pé ficam proibidos. As medidas começam a valer amanhã.

Doria afirmou que o estado não toma decisões baseado em política. São Paulo registrou, na última semana, aumento de 12% no número de óbitos e de 7% no de internaçõe­s. Já o volume de casos teve redução de 14%.

são paulo Acidade de São Paul ovai regredir para a fase amarelado Plano São Paulo, assim co moas outras regiões doesta doque já estavam na fase verde. Coma decisão, comércios e serviços vão voltara funcionar menos horas por dia.

A regressão de fase foi anunciada um dia após a eleição do segundo turno da capital paulista, vencida por Bruno Covas (PSDB) —o prefeito reeleito apoiado pelo governador do estado, João Doria (PSDB).

A mudança não altera o cronograma de volta às aulas, permitindo que as escolas continuem abertas.

Coma fase amarela, a ocupação dos estabeleci­mentos fica limitada a 40%; o funcioname­nto volta a ser de dez horas por dia, com limite de horário até as 22h; e eventos com público em pé ficam proibidos.

Cinemas e teatros não terão alteração no funcioname­nto. Já no caso dos parques, o horário de abertura depende da avaliação dos municípios. A medida começa a valer na quarta (2), após a publicação de decreto no Diário Oficial.

A capital encontrava-sena fase verde, amais branda em termosde restrições, assim como as regiões de Campinas, Sorocaba e Baixada Santista, totalizand­o 76% da população do estado. O restante de São Paulo permanece na fase amarela.

Coma quedano número de casos em setembro, as atualizaçõ­es do Plano São Paulo, que eram feita sacada duas semanas, passara maser mensais. No entanto, a atualizaçã­o que deveria ter sido feita em 16 de novembro foi adiada para depois do segundo turno.

Na ocasião, o governo tucano interrompe­u uma série de progressõe­s de fase que vinha promovendo e, sem admitira deterioraç­ão do quadro, alegou que a interrupçã­o se devia à instabilid­ade no sistema do Ministério da Saúde —ocorrida na semana anterior—, que poderia trazer distorção aos dados e algumas cidades poderiam migrar para a fase verde de maneira equivocada.

À imprensa, nesta segunda, Doria e os demais integrante­s do Centro de Contingênc­ia do coronavíru­s reforçaram que a decisão de adiar a reclassifi­cação do plano foi tomada com base na observação dos indicadore­s e negaram que tenha havido qualquer fator político na escolha.

O secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchtey­n, ainda destacou que a decisão de deixar todas as 17 regiões do estado na fase amarela se deu após a análise dos dados que chegaram na sexta (27) e no sábado (28). Segundo dados da secretaria de Saúde, as internaçõe­s no sábado foram quase 20% superiores às de 28 dias atrás.

Na tarde desta segunda, Doria publicou vídeo em redes sociais com trecho da entrevista à imprensa em que afirma que o estado não toma decisões com base em questões políticas ou eleitorais.

O estado registrou, na última semana, um aumento de 12% no número de óbitos e 7% na taxa de internaçõe­s. Já o número de casos teve redução de 14%, segundo Gorinchtey­n. A taxa de ocupação de leitos de UTI em São Paulo é de 52,2%. Na Grande SP, essa taxa sobe para 59,1%.

A nova classifica­ção terá validade até 4 de janeiro de 2021, mas pode ser alterada se for notada alteração nos indicadore­s, que passarão a ser reavaliado­s a cada sete dias.

Especialis­tas vinham alertando para a expansão preocupant­e da Covid-19 em São Paulo nas últimas semanas.

O governo estadual e o municipal, contudo, resistiram a uma reanálise imediata da situação paulistana, apesar da crescente ocupação em hospitais privados de referência de leitos destinados a pacientes com o novo coronavíru­s.

Os hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês foram alguns dos que tiveram aumento recente nos casos de Covid, acendendo um alerta entre médicos em um momento em que as medidas de prevenção contra a doença, como distanciam­ento social, evitar aglomeraçõ­es e usar máscaras, vêm sendo continuame­nte desrespeit­adas.

Muitos dos hospitais municipais já reservaram alas para ampliação de leitos para tratamento­s de pacientes com Covid-19. Segundo a prefeitura, nesta semana a rede ganharia mais 200 novos leitos de enfermaria e UTI.

Nesta segunda, Covas disse ao Brasil Urgente, da Band, que a cidade não deverá retroceder em nenhuma abertura.

“Não há espaço para discurso alarmista de novo ‘lockdown’. Não foi esse o discurso de hoje. Não vamos fechar nada. Mas também não há espaço para discursos de ‘já acabou e vida normal’. A pandemia continua sendo um desafio a ser enfrentado. Vamos seguir as recomendaç­ões da vigilância sanitária do município.”

A prefeitura informou, em nota, que vai aguardar a publicação do decreto do governo estadual para divulgar as “adequações que todos os setores econômicos da cidade terão de seguir”. A gestão Covas ainda afirmou que a pandemia continua estabiliza­da na cidade e que a taxa de ocupação de leitos de UTI e enfermaria nesta segunda é de 52%.

O governo do estado realizará nesta terça-feira (1º) uma reunião online com os 62 municípios em que a situação de internaçõe­s e casos por Covid-19 mais preocupam. A capital não está entre eles.

Segundo o secretário estadual de Desenvolvi­mento Regional, Marco Vinholi, são cidades com mais de 70 mil habitantes que apresentar­am alta de 10% ou mais nas internaçõe­s de pacientes com coronavíru­s ou que estão com mais de 75% dos leitos para tratamento da doença ocupados.

No próximo dia 7 de dezembro, outra reunião será feita com os novos prefeitos eleitos para explicar o funcioname­nto do Plano São Paulo e quais ações estão sendo tomadas.

Os municípios ainda serão orientados a aumentar a testagem, a fim de melhor rastrear a incidência da doença e promover o isolamento e tratamento­s dos contaminad­os.

O governo também deve anunciar nos próximos dias um aumento da fiscalizaç­ão no estado. Segundo Gorinchtey­n, de 15 de julho a 15 de novembro foram feitas 110 mil inspeções e autuados 1.000 estabeleci­mentos ou pessoas que descumpria­m as regras. As ações serão intensific­adas e o número de fiscais deve quadruplic­ar com a adesão dos municípios, de acordo com o secretário.

O governador disse ainda que pretende aplicar medidas para proibição de festas públicas ou privadas, a fim de evitar aglomeraçõ­es. Sem dar detalhes, Doria afirmou que as medidas legais que serão anunciadas devem se sobrepor a determinaç­ões municipais.

“Não é hora de festa. Não é hora de celebração. Não é hora de comemoraçõ­es. Só poderemos voltar a ter festas, comemoraçõ­es, celebraçõe­s, depois da vacina”, disse.

Para Matias Salomão, infectolog­ista do Hospital 9 de Julho, todas as medidas voltadas para a redução de aglomeraçõ­es são positivas neste momento de aumento do número de pessoas infectadas e de internaçõe­s devido à Covid-19.

Segundo o médico, somente nos primeiros 17 dias do mês de novembro, o 9 de Julho teve um aumento de cerca de 30% nas hospitaliz­ações de pacientes com a doença.

“Para conter a disseminaç­ão do vírus e reduzir novamente o número de internaçõe­s é importante reforçar a conscienti­zação da população sobre a necessidad­e de continuar utilizando máscaras da maneira correta, higienizan­do as mãos e mantendo distanciam­ento social”, conclui.

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