Rússia diz que começou a vacinação em hospital próximo a Moscou
Governo anunciou que entregou o 1º lote de imunizante para Covid para uso civil
moscou | reuters A Rússia anunciou nesta segunda (30) que entregou o primeiro lote das vacinas Sputinik V para uso civil a um hospital a 35 km ao sul de Moscou. A instituição afirma ter começado a vacinar a população local na semana passada.
O Hospital Central da cidade de Domodedovo diz em seu site que os residentes que queiram receber a imunização precisam se registrar em um site do governo com antecedência e levar um teste negativo de Covid-19 e documento de identificação no dia.
A vacina é desenvolvida pelo Instituto Gamaleya e pelo Fundo Russo de Investimento Direto. Eles anunciaram no dia 24 de novembro que um segundo estudo preliminar com voluntários da fase 3 dos testes do imunizante contra a Covid-19 mostrou uma eficácia de 91,4%. A expectativa dos russos é que ela atinja 95% e custe, ao fim, metade do preço de suas competidoras.
Sem apresentar resultados e detalhes sobre a vacina, a Rússia é contestada pela comunidade científica e cobrada pela falta de transparência dos estudos.
No Brasil, há uma parceria com a União Química para produzir a vacina no país, ainda sem detalhes. O governo da Bahia fechou a compra de 50 milhões de doses da Sputnik V, e o governo do Paraná também pretende produzir a vacina. O Fundo Russo de Investimento Direto diz esperar produzir até 1,2 bilhão de doses, 230 milhões delas para a América Latina.
A Sputnik V foi vista inicialmente como um grande golpe publicitário do governo de Vladimir Putin, devido ao anúncio de que ela havia sido a primeira a ser registrada no mundo, ainda em agosto. Até seu nome remonta ao sucesso do primeiro satélite artificial, lançado pelos soviéticos em 1957 para assombro do mundo.
Na realidade, tratava-se de uma autorização emergencial para uso na população civil, mas não havia a vacinação em massa sugerida pelo anúncio, e sim a fase 3, a final, além da imunização emergencial de profissionais da saúde.
O país vive um aumento de casos de coronavírus desde setembro, mas as autoridades têm resistido a impor um “lockdown” e disseram que medidas específicas são suficientes para lidar com a crise.
Mais de 26 mil novos casos foram registrados na segunda-feira, 6.511 deles em Moscou e 3.691 em São Petersburgo. No total, são mais de 2,2 milhões de casos desde o início da pandemia.
Também foram registradas 368 mortes nas últimas 24 horas. O total é de 39.895 óbitos.
Anvisa adere a grupo que pode agilizar regulação de vacinas Renato Machado
brasília A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou nesta segunda (30) que foi formalmente aceita como membro de uma iniciativa internacional para investigação farmacêutica, o PIC/S (da sigla em inglês para Esquema de Cooperação em Inspeção Farmacêutica).
A adesão pode facilitar o processo de certificação de uma vacina contra a Covid-19.
A Anvisa se junta a outros 53 países-membros, entre eles Estados Unidos, Canadá, Alemanha e França. A agência informou em nota que a adesão significa que passa a contar “com o reconhecimento internacional da excelência das inspeções em Boas Práticas de Fabricação de medicamentos e insumos farmacêuticos de uso humano”.
Fazer parte da iniciativa, na prática, significa que os padrões e práticas da Anvisa passam a ser reconhecidos por outras agências internacionais. Essa condição facilita a troca de informações para agilizar a certificação de medicamentos e imunizantes, como a vacina contra o coronavírus. Isso porque há intercâmbio de documentos, que podem reduzir o tempo de análise e mesmo a quantidade de inspeções necessárias.
“Com a aprovação da Anvisa no PIC/S, outras autoridades podem reconhecer a certificação da vacina quando concedida pela Anvisa, ou seja, facilitar o processo em outros países e também facilita acordos de confidencialidade, bilaterais e multilaterais”, informou a agência.
Questionada se o caminho inverso também seria possível, a Anvisa informou que o Brasil pode sim e deve se beneficiar ao agilizar procedimentos e aprovar uma vacina certificada em outro país do mundo. Ressalta, no entanto, que são necessários acordos de confidencialidade.
A agência cita como exemplo um acordo de reconhecimento mútuo assinado com a Suíça, que passa a valer com a entrada da Anvisa no PIC/S.
O processo de adesão à iniciativa começou em 2014, diz a agência. Na ocasião, informa em nota, a intenção significava que o órgão brasileiro estava disposto a “iniciar os esforços para modernizar seu marco regulatório, investir em qualificação dos inspetores que atuam no Sistema Nacional de Inspeção de Medicamentos, além de harmonizar os procedimentos de inspeção de boas práticas de fabricação de medicamentos em todos os estados brasileiros”.
Também nesta segunda-feira, a Anvisa informou que teve início o processo de inspeção na China para verificar a boa qualidade de produção da Coronavac —que está sendo desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo.