Folha de S.Paulo

‘Não votos’ na capital paulista superam Covas no segundo turno

Na zona eleitoral de Santa Ifigênia, grupo que soma abstenções, brancos e nulos chegou a 46,8% do eleitorado

- Carolina Moraes e Leonardo Diegues

SÃO PAULO A soma de abstenções, votos brancos e nulos na cidade de São Paulo superou a votação recebida por Bruno Covas (PSDB), reeleito no segundo turno deste domingo (29). O atual prefeito teve 3.169.121 votos, enquanto o montante acumulado dos que não escolheram nenhum candidato chegou a 3,6 milhões.

No primeiro turno, Covas e Guilherme Boulos (PSOL, rival do prefeito reeleito na segunda etapa), juntos, somaram 2.832.873 de votos.

Desde 2012, São Paulo registra aumentos no número de eleitores que não escolhem um representa­nte nas urnas.

Enquanto no primeiro turno deste ano a capital paulista teve 3,6 milhões de eleitores nesse grupo, em 2016 o número foi de 3,1 milhões e, em 2012, de 2,5 milhões.

Já no cenário de segundo turno, o número foi de 2,5 milhões em 2012 —em 2016, João Doria (PSDB) foi eleito já na primeira etapa de votação.

O montante que não votou em nenhum dos candidatos representa 40,6% do eleitorado neste ano, tanto no primeiro quanto no segundo turno. Em 2016, o percentual era de 34,8% no primeiro turno.

Isso significa um aumento de 20,6% de 2012 para 2016 e de 16,5% de 2016 para 2020 em primeiro turno. No segundo, a variação de 2012 para 2020 totalizou 38,7%.

As zonas eleitorais que registrara­m os maiores índices de eleitores que não escolheram candidato foram Santa Ifigênia (46,8%), Bela Vista (44,5%), Jaçanã (43,1%), Itaim Paulista (43%) e Itaquera (42,8%).

As menores taxas foram registrada­s em Saúde (37%), Pinheiros (37,3%), Butantã (37,5%), Santo Amaro (38,1%) e Grajaú (38,2%).

Os dados mostram que a maior porcentage­m de eleitores que votaram em um dos candidato em São Paulo é de 63%, na Saúde. A menor, na Santa Ifigência, é de 53,2%.

Esta também foi a zona eleitoral que registrou o maior número de abstenções na cidade neste segundo turno, com 39,78%. O menor índice se deu em Parelheiro­s, com 26,14%.

O retrato geral de São Paulo é similar aos números do Brasil. No segundo turno, o país totalizou 14,7 milhões de eleitores que não escolheram um candidato, o que representa 38,4% do eleitorado.

Em 2016, essa porcentage­m era de 32,8% e, em 2012, de 26,6%. Esse grupo é menor no primeiro turno das eleições, quando o percentual foi de 30,6%. De 2016 para 2020, o aumento foi de 17,3% de abstenções, brancos e nulos juntos.

Em relação às abstenções, o país registrou recordes no primeiro e no segundo turno deste ano. Neste domingo, a taxa foi de 29,5%, o maior índice desde 1996.

Já no último dia 15, a parcela dos que não comparecer­am às urnas foi de 23,1%, o maior dos últimos 20 anos. Houve aumento consecutiv­o de abstenções no segundo turno da eleição municipal desde 2000 nos segundos turnos. O ranking de ausências é liderado pelo pleito atual, seguido por 2016.

Em São Paulo, a taxa de abstenções foi de 30,81% do domingo (29). No primeiro turno, fora de 29,3%. Em 2016,era de 21,8% e, em 2012, 18,5%.

Enquanto a abstenção foi elevada na capital, o litoral paulista ficou lotado neste domingo, como mostrou a Folha.

Já em relação à variação das abstenções na cidade de São Paulo, levantamen­to da Folha mostrou que regiões periférica­s apresentar­am os aumentos mais expressivo­s entre as eleições de 2016 e 2020.

As áreas que tiveram os maiores aumentos nas abstenções foram Vila Formosa (42,2%), Cidade Tiradentes (42%), Perus (40,8%), Guaianazes (40,6%), Vila Jacuí (40%) e Brasilândi­a (39%), todas na periferia e com os menores IDHs (Índice de Desenvolvi­mento Humano) da cidade.

Guaianazes e Cidade Tiradente, por exemplo, ficam na subprefeit­ura de Guaianazes, que registra o menor IDH do município (0,713).

As zonas eleitorais que registrara­m as maiores variações na abstenção também têm números importante­s de pessoas aptas a votar, o que dá ainda mais peso para essa ausência. Brasilândi­a, por exemplo, tem 239.785 aptos a votar, a quarta maior zona da cidade. É o caso também de Perus, décima com maior eleitorado, com 187.793.

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