Doria vai ter que se nacionalizar para 2022, diz FHC
são paulo | uol Em tom de conselho ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso disse que, se Doria quiser disputar as eleições presidenciais de 2022, terá de se nacionalizar.
Por ora, diz, “ele é um bom líder paulista”. As declarações foram feitas durante entrevista ao colunista do UOL Tales Faria nesta segunda (30).
“O Brasil é muito diverso, não adianta pensar: ‘vamos pegar uma pessoa do meu partido e pode ser candidato. O Doria vai ter que se nacionalizar. Ele tem uma vantagem, os pais são da Bahia. Ele vai ter que ‘baianizar’, ‘cariocar’, ‘gauchar’, enfim, se é para expressar um sentimento nacional, você não pode ser de uma parte só, tem que atender essa diversidade do país.”
FHC lembrou como se projetou nacionalmente para disputar a Presidência.
“Nasci no Rio, sou paulista, minha mãe amazonense, meu pai do Paraná, meus avós de Goiás, eu explorava isso. Não que quisesse ganhar politicamente. Queria, mas não só. Doria tem que usar esses instrumentos para se transformar num líder nacional, por enquanto ele é um bom líder paulista”, concluiu.
Para FHC, Guilherme Boulos (PSOL) é uma “liderança emergente” da esquerda que lembra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no começo de sua carreira política.
“Tenho notado como ele costuma se desempenhar. Primeiro, mostrou uma coisa importante: dedicação às causas populares. Foi morar mais perto dos bairros populares e está muito ligado ao movimento sem-teto. Ele, quando fala, me dá impressão de imitar um pouco o Lula, é o jeitão dele, só que o Lula tinha o sindicalismo por trás dele, que é uma coisa mais ampla que ocupações. O Boulos simboliza a insatisfação de muita gente com a vida na cidade grande. Vai ser uma liderança para aparecer? É possível, provável”, afirmou o tucano.