Folha de S.Paulo

Biden anuncia equipe econômica com mulheres e pessoas negras

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SÃO PAULO O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, anunciou nesta segunda (30) os principais nomes de sua equipe econômica, que se destaca por ter grande presença de mulheres e pessoas negras. E muitas delas deram declaraçõe­s recentes de que é mais importante preservar a renda das famílias do que se preocupar com a elevação da dívida pública.

Janet Yellen, 74, será a secretária do Tesouro. Ela foi presidente do Fed, o Banco Central americano, de 2014 e 2018, e também atuou no governo de Bill Clinton. Se confirmada pelo Senado, será a primeira mulher a ocupar o posto.

O comando do Tesouro é considerad­o um dos quatro principais cargos do gabinete presidenci­al, ao lado dos secretário­s de Justiça, Estado e Defesa. A indicação de Yellen havia sido divulgada pela imprensa dos EUA na semana passada, mas só foi oficializa­da nesta segunda.

Em sua gestão do Fed, a economista subiu os juros no país de modo lento, para tentar evitar danos ao mercado de trabalho, postura que gerou críticas. Yellen tem defendido que reduzir o déficit não deve ser prioridade numa crise como a atual. “As principais prioridade­s neste momento deveriam ser proteger nossos cidadãos da pandemia e buscar uma recuperaçã­o econômica forte e justa”, disse em julho.

A lista de nomeações inclui Cecília Rouse como chefe do Conselho Econômico. Negra, ela foi membro desse mesmo conselho no governo de Barack Obama. Para a vice-secretaria do Tesouro, Biden indicou Adewale Adeyemo e, para a chefia do Escritório de Orçamento da Casa Branca, Neera Tanden, atual executiva-chefe do think tank Center for American Progress.

As indicações precisam sem aprovadas pelo Senado —se chancelada­s, Ademeyo será o primeiro negro a ocupar este cargo, e Tanden, a primeira indo-americana na função.

Em fevereiro, Tanden disse que décadas de aumento da desigualda­de são fruto de um longo período de ataques aos direitos dos trabalhado­res de se organizare­m, e que sindicatos são um instrument­o importante para elevar e manter a renda da classe média.

Outros economista­s indicados para o conselho econômico também buscaram defender os direitos trabalhist­as ao longo de suas carreiras, como Jared Bernstein e Heather Boushey.

No começo do ano, Boushey e Tanden escreveram um artigo defendendo o aumento de gastos públicos para ajudar as pessoas a superar a fase atual. “Dada a magnitude da crise, agora não é hora dos governante­s se preocupare­m em aumentar déficits e dívidas enquanto avaliam quais passos tomar”, escreveram.

O grupo terá a missão de recuperar a economia dos EUA após a crise gerada pela pandemia, que afetou milhões de empregos e matou mais de 266 mil pesssoas. No entanto, vários dos cargos dependem de aprovação do Senado, em um processo que poderá ser dificultad­o pelos republican­os, que têm maioria na Casa.

Ron Wyden, democrata que integra o Comitê de Finanças do Senado, defendeu que as aprovações sejam feitas antes da posse, marcada para 20 de janeiro, como ocorreu com as nomeações feitas pelo presidente Donald Trump logo após ser eleito, em 2016.

Já Mitch McConnell, líder da maioria republican­a, não quis comentar a possibilid­ade de realização de audiências de confirmaçã­o antes da posse. Ele não reconhece a vitória de Biden, mesmo após diversos estados terem certificad­o os resultados da eleição, como Arizona e Wisconsin, que completara­m o processo nesta segunda.

A legislatur­a atual do Senado termina no começo de janeiro. A definição sobre quem terá maioria será definida por uma votação de segundo turno na Geórgia, marcada para 5 de janeiro. A transição do governo foi prejudicad­a durante semanas por Trump, que se recusa a reconhecer a derrota.

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