Folha de S.Paulo

Dólar cai mais de 2%, e Bolsa atinge nível de fevereiro

Moeda recua a R$ 5,228 e Bolsa sobe 2,3%, com otimismo sobre vacinas e governo Biden e sinalizaçã­o de votação da LDO

- Com Reuters

O dólar caiu ontem 2,24%, a R$ 5,2280, menor valor desde 31 de julho. O Ibovespa subiu 2,3%, a 111.399 pontos, maior patamar desde 21 de fevereiro. Um dos motivos de otimismo foi a negativa de Jair Bolsonaro em estender o auxílio emergencia­l.

são paulo O otimismo de novembro se alastrou pelo primeiro pregão dezembro. Nesta terça-feira (1º), o dólar caiu 2,24%, a R$ 5,2280, menor valor desde 31 de julho. O dólar turismo está a R$ 5,38. O Ibovespa fechou em alta de 2,3%, a 111.399,91 pontos, maior nível desde 21 de fevereiro.

O pregão foi de amplo apetite por risco global amparado por expectativ­a de mais estímulos nos EUA e de uma retomada econômica mais rápida. O índice do dólar ante as principais moedas globais despencou a uma mínima em mais de dois anos e meio, enquanto as ações em Wall Street bateram novos recordes.

Entre agentes do mercado, há uma grande expectativ­a de que a administra­ção de Joe Biden, presidente eleito dos EUA, e sua equipe econômica aumentem ainda mais a injeção de liquidez na maior economia do mundo, o que poderia beneficiar mercados emergentes, como o Brasil.

Ao apresentar seu time econômico nesta terça, Biden apelou ao Congresso para que aprove um pacote de alívio ao coronavíru­s que está paralisado há meses e prometeu mais ações para reativar a economia depois que assumir o cargo, no mês que vem. Biden disse que qualquer pacote aprovado pelo Congresso antes de ele ser empossado, em 20 de janeiro, seria “apenas o começo”.

A futura secretária do Tesouro e ex-presidente do Fed (banco central americano), Janet Yellen, afirmou que medidas urgentes são necessária­s para evitar que o tombo da economia se retroalime­nte.

O Instituto de Finanças Internacio­nais (IIF, na sigla em inglês) calcula que o quarto trimestre de 2020 será o de maior influxo a mercados emergentes desde os primeiros três meses de 2013.

Até 27 de novembro, estrangeir­os entraram com mais de US$ 32 bilhões na Bolsa brasileira e, segundo analistas, é este movimento que impulsiona a alta do Ibovespa nas últimas semanas.

Além do ambiente externo já propício ao risco, no meio da tarde o dólar aprofundou a queda ante o real após notícia de que o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), vai incluir a proposta de LDO (Lei de Diretrizes Orçamentár­ias) de 2021 na pauta da sessão conjunta no dia 16, o que sinaliza algum direcionam­ento para o Orçamento de 2021.

Os juros futuros desabaram, em um sinal de redução de risco fiscal. O juro para janeiro de 2026 foi de 7,18% na segunda (30) para 6,99% nesta terça.

O risco de aumento de despesas no Brasil em 2021 depois do salto no déficit primário neste ano por causa da pandemia representa uma dor de cabeça para os mercados. A deterioraç­ão das contas públicas, segundo analistas, ainda é o principal motivo para a disparada de 30,28% do dólar ante o real em 2020.

Outra notícia positiva, segundo investidor­es, foi a negativa do presidente Jair Bolsonaro (em partido) em estender o auxílio emergencia­l.

“Alguns querem perpetuar tais benefícios, ninguém vive dessa forma, é o caminho certo para o insucesso”, disse Bolsonaro em evento nesta terça.

Os investidor­es ainda se animaram com notícias relacionad­as às vacinas contra Covid-19, de Pfizer, BioNTech e Moderna, que pediram autorizaçã­o de uso emergencia­l de seus imunizante­s na Europa, após submeterem pedidos semelhante­s nos EUA.

Os papéis da Pfizer subiram 2,87%, e os da Moderna, que também solicitou aprovação emergencia­l ao regulador europeu, caíram 7,68% depois de na véspera baterem recorde, em alta de 20,24%.

Em Wall Street, o S&P 500 e a Nasdaq renovaram recordes com altas de 1,13% e 1,28%, respectiva­mente. O Dow Jones subiu 0,63%.

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