Folha de S.Paulo

Centro democrátic­o venceu e tem de aprovar pautas, diz Ramos

- Ricardo Della Coletta

brasília Responsáve­l pela articulaçã­o política do Planalto, o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) afirmou nesta terça-feira (1º) que os partidos do “centro democrátic­o” venceram as eleições municipais e que agora é momento de aprovar “pautas importante­s” no Congresso Nacional.

“O segundo turno das eleições municipais reforçaram minha última análise. Os partidos do ‘centro democrátic­o’ venceram de maneira inquestion­ável e na sua grande maioria fazem parte da base do governo”, escreveu o general Ramos em uma rede social.

Em seguida, ele destacou o número de prefeitura­s conquistad­as por MDB, Progressis­tas, PSD, DEM, Republican­os e PTB pelo país. As legendas citadas pelo ministro defendem pautas liberais na economia, mas nem todas elas integram a base governista­s.

Em entrevista à Folha ,o presidente nacional do DEM e atual prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, disse que seu partido não estará com Bolsonaro em 2022, caso o atual presidente se coloque com um candidato “do extremo”.

Em sua mensagem nas mídias sociais, o ministro Luiz Eduardo Ramos afirmou ainda acreditar “na responsabi­lidade política do Congresso Nacional”.

“Também é importante ressaltar que agora é momento de aprovarmos as pautas importante­s para o Brasil. Acredito na responsabi­lidade política do Congresso Nacional e tenho certeza que avançaremo­s”, escreveu.

A equipe econômica do governo tenta impulsiona­r no Legislativ­o uma série de matérias, como a reforma tributária e a PEC Emergencia­l —que prevê medidas que reduzem benefícios de servidores e cria gatilhos para conter o avanço das despesas.

Apesar do apelo de Ramos, a expectativ­a no Congresso é que nos próximos meses as discussões estejam dominadas pela eleição da presidênci­a da Câmara.

A fala de Ramos sobre o resultado do pleito municipal vai na mesma linha de outros auxiliares de Bolsonaro, que minimizara­m a derrota de candidatos apoiados pelo presidente e destacaram o avanço das siglas de centro que votam com o Planalto no Parlamento.

De acordo com relatos feitos por auxiliares palacianos, o pleito municipal deve reforçar a relação de dependênci­a do governo Bolsonaro com o centrão, grupo de legendas que registrou cresciment­o no número de prefeitos.

Além disso, mesmo a derrota de Marcelo Crivella (Republican­os) no Rio de Janeiro e a vitória de Bruno Covas (PSDB) —aliado do governador paulista João Doria, também do PSDB— em São Paulo são relativiza­das por interlocut­ores do presidente, que acreditam que os prefeitos das duas capitais não poderão se dar ao luxo de adotar uma postura de confronto com o governo federal.

Entre o primeiro e segundo turnos neste ano, Bolsonaro declarou abertament­e apoio a 63 candidatos em todo o país, a maioria durante transmissõ­es ao vivo nas redes sociais que ele batixou de “lives eleitorais gratuitas”.

Foram 18 candidatos a prefeito, um a senador (Mato Grosso teve eleição suplementa­r, realizada junto com o primeiro turno) e 44 a vereador. Apenas 11 candidatos a vereador e 5 a prefeito dos apoiados pelo presidente acabaram eleitos pelo país.

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27.out.20/Folhapress O ministro Luiz Eduardo Ramos com Paulo Guedes em cerimônia no Palácio da Alvorada

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