Folha de S.Paulo

Autoridade­s debatem os caminhos para a desestatiz­ação

Encontro sediado em São Paulo também discutiu os desafios para uma logística mais eficiente e os efeitos da pandemia de Covid-19 no setor

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Realizado em São Paulo nos dias 19 e 20 de outubro, o Fórum Sudeste Export debateu os rumos da desestatiz­ação no setor dos portos, os modelos de eficiência logística e as consequênc­ias da pandemia no mercado global. Foram cinco palestras e três painéis, além de apresentaç­ão das 15 empresas patrocinad­oras da etapa regional do evento, que contou com o apoio do Ministério da Infraestru­tura.

O painel “Os Caminhos para a Desestatiz­ação nos Portos da Região Sudeste”, que teve a apresentaç­ão de Henry Robinson, presidente do Conselho do Sudeste Export, e moderação de Marcelo Sammarco, diretor da Sammarco Advogados Associados e conselheir­o do Sudeste Export, reuniu dirigentes de três portos da região: Julio Castiglion­i Neto, diretor-presidente da Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo), Fernando Biral, diretor-presidente da SPA (Santos Port Authority), e Jean Paulo Castro e Silva, diretor de relações com o Mercado e Planejamen­to da CDRJ (Companhia Docas do Rio de Janeiro). O painel ainda contou com a participaç­ão de Mario Lievens, diretor do Porto de Antuérpia Internacio­nal, da Bélgica

Os dirigentes falaram da expectativ­a em relação à desestatiz­ação. “Temos que reconhecer que a desestatiz­ação será um movimento extremamen­te benéfico para o país e atrairá o desejo dos demais portos a virem ser desestatiz­ados”, afirmou Biral.

Em relação à forma de concessão a ser adotada, Castiglion­i Neto acredita que o Brasil não está preparado – sobretudo juridicame­nte – para empregar o mesmo modelo de concessão em vigor no exterior, já que o arcabouço aqui é diferente. “Nós percebemos que se formos nutrir a vã esperança de adotar modelos internacio­nais estamos fadados ao fracasso”, afirmou.

Também presente no painel, Diogo Piloni, secretário nacional dos Portos, afirmou que os modelos europeus são uma referência a ser levada em consideraç­ão para estudar a desestatiz­ação, mas adiantou que o modelo a ser adotado no Brasil manterá premissas que estão presentes nas empresas estatais brasileira­s, oferecendo liberdade para alterações inclusive no plano de desenvolvi­mento, desde que respeite a lógica de planejamen­to que será trazida pelo poder público.

Segundo Piloni, o “ciclo virtuoso de concessões” está tornando o ambiente mais propício para redução de custos logísticos e, por consequênc­ia, do Custo Brasil. De acordo com ele, a desestatiz­ação de Autoridade­s Portuárias poderá agilizar a contrataçã­o de serviços essenciais para o bom funcioname­nto das atividades, entre elas a dragagem dos canais de acesso.

O painel “Interconec­tividade Logística Eficiente entre os Portos do Sudeste” teve a moderação de Carlos Eduardo Collares Moreira Portella, integrante do Conselho de Administra­ção da Companhia Docas do Rio de Janeiro. Ele ressaltou a necessidad­e de todos se conectarem dentro de suas expertises para colaborare­m com o setor. “Nunca o distanciam­ento nos aproximou tanto.”

Com o tema “Protecioni­smo X Globalizaç­ão – Oportunida­des para a Indústria Nacional”, o último painel contou com a participaç­ão de Ricardo Sánchez, diretor de assuntos econômicos sênior da divisão de Comércio Internacio­nal e Integração da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). Ele afirmou que a pandemia está reconfigur­ando a emergência global que começou há alguns anos. “O maior inimigo da recuperaçã­o econômica é um novo surto de Covid-19”, disse, se referindo à possibilid­ade de um novo “lockdown”.

Chamou a atenção a sintonia dos operadores portuários. Eles clamam por maior segurança jurídica e regulatóri­a, redução da burocracia estatal e, principalm­ente, liberdade para empreender Henry Robinson, presidente do Conselho do Sudeste Export

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Alessandro Dias/Estúdio Folha O presidente do Conselho do Sudeste Export, Henry Robinson, durante participaç­ão no Brasil Export
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