Folha de S.Paulo

Investimen­tos virão com a simplifica­ção de processos

Secretário de Portos e Transporte­s Aquaviário­s do Ministério da Infraestru­tura, Diogo Piloni afirmou que o governo trabalha para trazer mais competitiv­idade para o setor

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Menos regulação para ampliar os investimen­tos é o caminho para que o país possa reduzir seus gargalos no setor de infraestru­tura. Foi o que indicaram empresário­s e integrante­s de governo durante o painel “Marcos Regulatóri­os x Segurança Jurídica: Os Desafios para Atrair Investidor­es”, no Brasil Export, que teve a apresentaç­ão do almirante Murilo Barbosa, presidente da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), e a moderação de Benjamin Gallotti, sócio da Gallotti Advogados Associados, ambos do Conselho Nacional do Brasil Export.

O secretário nacional de Portos e Transporte­s Aquaviário­s do Ministério da Infraestru­tura, Diogo Piloni, falou sobre auditoria operaciona­l do TCU (Tribunal de Contas da União) acerca de limitações dos portos organizado­s em comparação aos TUPs (terminais privados).

A auditoria indicou que amarras do poder público tornam os portos organizado­s menos eficientes.

Para o secretário, o trabalho do TCU comprova o alinhament­o operaciona­l entre governo e tribunal. “O tribunal soube ouvir o mercado e os atores públicos e privados para que se pudesse ter essa leitura. Isso traz melhorias na gestão dos portos organizado­s e eleva o padrão de competitiv­idade dentro dos TUPs”, disse.

Ainda de acordo com o secretário, o relatório trouxe a recomendaç­ão de flexibiliz­ação das regras de reversibil­idade, que é a devolução dos bens que são usados nos terminais operados pela iniciativa privada em portos públicos.

Isso impacta nos mais de 200 contratos celebrados entre as estatais administra­doras de portos públicos e as empresas privadas que operam terminais nos portos, que, para Piloni, precisam ter autorizaçõ­es mais velozes para fazer melhorias e ampliações.

“O prazo comum para um novo investimen­to passa por um rito de análise que dura cerca de dois anos. A carga não espera. Se ela não for atendida em um terminal existente, irá para outro. Uma visão simplifica­da da regra de flexibilid­ade traz uma gestão mais simples e resposta mais rápida.”

A frase de Piloni está em acordo com o mercado, na opinião de Murillo Barbosa, presidente da ATP (Associação de Terminais Portuários Privados) e conselheir­o nacional da Brasil Export. Segundo ele, a regulação do mercado portuário internacio­nal é feita, quase na totalidade, pelas demandas do setor.

“Todos sabemos que no mundo quase não existe sistema de regulação portuária. O mercado é o grande regulador”, disse.

Apesar da desburocra­tização e integração entre os agentes do setor ser importante, é necessário que os investimen­tos continuem acontecend­o nos portos brasileiro­s. A afirmação partiu do CEO da TIL (Terminal Investment Limited), Ammar Kanaan, que participou do painel via online.

“O investimen­to em portos é importante para não perdermos o apetite dos investidor­es internacio­nais em continuar a aplicar na infraestru­tura portuária. Não há cresciment­o de PIB sem investimen­to sério em infraestru­tura.”

Ainda de acordo com Kanaan, os investidor­es internacio­nais buscam estabilida­de política e pouca regulament­ação. Para ele, é preciso que as regras em que foram baseados os investimen­tos sejam mantidas ao longo do tempo.

O cenário de pouca regulação foi reforçado pelo diretor da Antaq (Agência Nacional de Transporte­s Aquaviário­s), Adalberto Tokarski, que afirmou ser contra tabelament­os. Contudo, é necessário que o órgão defina parâmetros para punir excessos no setor portuário. “Sou contra a franquia, o tabelament­o e o abuso.”

Mudar a lei significa revisitar outras questões que podem ser olhadas, o que gera inseguranç­a jurídica” Adalberto Tokarski, diretor da Antaq (Agência Nacional de Transporte­s Aquaviário­s) A carga não espera. Se ela não for atendida em um terminal existente, ela irá para outro lugar. Uma visão mais simplifica­da da regra de flexibilid­ade traz uma gestão mais simples e uma resposta mais rápida” Diogo Piloni, secretário nacional de Portos e Transporte­s Aquaviário­s do Ministério da Infraestru­tura Todos sabemos que no mundo quase não existe sistema de regulação portuária. O mercado é o grande regulador do sistema portuário” Almirante Murillo Barbosa, presidente da ATP (Associação de Terminais Portuários Privados) e conselheir­o nacional do Brasil Export

 ?? Alessandro Dias/Estúdio Folha ?? Diogo Piloni (secretário nacional de Portos e Transporte­s Aquaviário­s), Benjamin Gallotti (Gallotti Advogados Associados), almirante Murillo Barbosa (presidente da ATP) e Adalberto Tokarski (diretor da Antaq) durante painel no segundo dia do Brasil Export
Alessandro Dias/Estúdio Folha Diogo Piloni (secretário nacional de Portos e Transporte­s Aquaviário­s), Benjamin Gallotti (Gallotti Advogados Associados), almirante Murillo Barbosa (presidente da ATP) e Adalberto Tokarski (diretor da Antaq) durante painel no segundo dia do Brasil Export

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