Folha de S.Paulo

País precisa de planejamen­to de Estado para garantir o futuro

Em debate, ficou clara a necessidad­e de um plano nacional de longo prazo, elaborado em sintonia com a sociedade, com o objetivo de garantir segurança jurídica e atrair investidor­es internacio­nais

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Planejamen­to de Estado é necessário para um ambiente estável e de segurança jurídica no setor portuário. E não basta apenas fazer planos e projetos, é preciso ter maturidade política e envolver toda a sociedade, para construir um planejamen­to que seja efetivo e que perdure para além dos governos de turno.

Essa foi a tônica do debate promovido pelo Fórum Brasil Export, na terça-feira (24), no painel que tratou do tema “Política e Planejamen­to de Estado para o Setor de Logística e de Infraestru­tura Portuária”. Para o diretor de Política e Planejamen­to Integrado do Ministério da Infraestru­tura, Tito Lívio Pereira Queiroz e Silva, o planejamen­to é estratégic­o para a pasta. “Se amanhã a gente não estiver mais aqui, alguém tem que continuar isso, para o bem do país”, afirmou.

O último painel desta edição do Fórum Brasil Export foi apresentad­o pelo presidente da Fenop (Federação Nacional das Operações Portuárias) e conselheir­o nacional do Brasil Export, Sérgio Aquino. Aquino cobrou que, além de planejar, é necessário executar os planos, e disse que a falta de planejamen­to gera inseguranç­a jurídica.

Para o presidente da Fenop, a criação do PPI (Programa de Parcerias de Investimen­tos) foi um grande instrument­o para que se reiniciass­e o planejamen­to de infraestru­tura no país. Por meio do programa, foi possível organizar e formatar os investimen­tos na área. “O momento é uma janela de oportunida­des para que se busque um planejamen­to de Estado”, afirma.

Já o diretor de Política e Planejamen­to Integrado do Ministério da Infraestru­tura fez menção à portaria 123/2020, que define as novas diretrizes de atualizaçã­o do Planejamen­to Integrado de Transporte­s e dos planejamen­tos setoriais. Tito Lívio afirmou que a portaria não trata apenas do planejamen­to, mas traz a obrigação de monitorar e avaliar o plano. Com essa portaria, os instrument­os de planejamen­to do ministério ficam interligad­os.

O painel contou com a moderação de Ricardo Molitzas, gerente-executivo do Sopesp (Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo), também conselheir­o nacional do Brasil Export. Participar­am do evento, além do diretor do Ministério da Infraestru­tura, a presidente da Abeph (Associação Brasileira de Autoridade­s Portuárias e Hidroviári­as), Mayhara Chaves, o

CEO da Santos Brasil, Antônio Carlos Sepúlveda, e o partner da 4Infra Casemiro Tércio Carvalho

Enquanto se fala em tirar as amarras do setor portuário, no sentido de diminuir o excesso de burocracia e regulação, Ricardo Molitzas observou que, quando se trata de planejamen­to, busca-se o contrário: colocar amarras, a fim de que o planejamen­to consiga permanecer, independen­te dos próximos governos.

Mayhara Chaves chama a atenção para essa necessidad­e das amarras, pois são elas que vão “desamarrar” alguns nós que existem no setor portuário. Um exemplo de amarra nos portos, segundo Antônio Carlos Sepúlveda, é o excesso de regulação. O CEO da Santos Brasil acredita que o Brasil já tem muitos planejamen­tos, mas que eles estão longe de ser um planejamen­to de Estado. “Eles acabam sendo muito distantes das necessidad­es da sociedade”, disse o CEO, que acha importante que, além da movimentaç­ão de carga como indicador, os planos de Estado tenham indicadore­s quantitati­vos. Também é indispensá­vel, segundo ele, a participaç­ão do Congresso Nacional na elaboração do planejamen­to.

Mas para isso, de acordo com Casemiro Tércio, o Brasil ainda precisa amadurecer politicame­nte. “Dos inúmeros planejamen­tos que o setor portuário tem, poucos foram seguidos”, disse. Para Tércio, a estrutura pública não tem a velocidade e a resposta para encaminhar os projetos de infraestru­tura. Nesse contexto, ele defende a necessidad­e de se fazer uma reforma política e provoca: “Só acredito no planejamen­to de Estado no dia que o diretor de planejamen­to for mais importante do que o diretor de operações”.

Se queremos estabilida­de e segurança jurídica, precisamos ter planejamen­to” Sérgio Aquino, presidente da Fenop (Federação Nacional das Operações Portuárias) e conselheir­o nacional do Brasil Export

 ?? Alessandro Dias/Estúdio Folha ?? Sérgio Aquino (Fenop, à dir.) no painel sobre política e planejamen­to de Estado para o setor de logística e infraestru­tura
Alessandro Dias/Estúdio Folha Sérgio Aquino (Fenop, à dir.) no painel sobre política e planejamen­to de Estado para o setor de logística e infraestru­tura

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