Folha de S.Paulo

Desestatiz­ação deve alavancar o setor

Discussão sobre o processo que visa ampliar a participaç­ão da iniciativa privada na gestão dos portos marcou o debate na abertura do 1º Encontro Nacional de Autoridade­s Portuárias e Hidroviári­as

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Apresident­e da Abeph (Associação Brasileira de Autoridade­s Portuárias e Hidroviári­as), Mayhara Chaves, reafirmou na abertura do 1º Enaph (Encontro Nacional de Autoridade­s Portuárias e Hidroviári­as) que o setor portuário passou bem pela crise gerada pela pandemia da Covid-19 e que as mudanças pleiteadas pelos agentes do setor se tornaram ainda mais importante­s. “A gente traz uma perspectiv­a do futuro. A pandemia não nos abateu, só fez fortalecer o setor demonstran­do cada vez mais a importânci­a que nossos portos têm para a infraestru­tura.”

No primeiro painel do Enaph, Estudos e Oportunida­des no Processo de Desestatiz­ação de Portos no Brasil, ocorrido no âmbito do Brasil Export, em Brasília, o diretor-presidente da Codesa (Companhia de Docas do Espírito Santo), Julio Castiglion­i Neto, afirmou que a desestatiz­ação é um passo positivo para dar mais eficiência ao setor portuário, mas o modelo deve ser aplicado consideran­do as diferentes caracterís­ticas de cada empreendim­ento, visando garantir a operação dos ativos portuários pelo setor privado de maneira adequada.

A Codesa será a primeira estatal federal a ser desestatiz­ada em um modelo híbrido. Segundo Castiglion­i, a desestatiz­ação é uma solução que busca adequar a empresa às normas vigentes no país.

“Os modelos de ‘land lord’ mundo afora não são iguais, daí a necessidad­e de criarmos um modelo adaptado às nossas peculiarid­ades e à nossa cultura jurídica e social”, afirmou.

O diretor do Departamen­to de Novas Outorgas e Políticas Regulatóri­as Portuárias da Secretaria Nacional de Portos e Transporte­s Aquaviário­s do Ministério de Infraestru­tura, Fábio Lavor Teixeira, afirmou que o objetivo da pasta é modernizar a gestão portuária por meio das desestatiz­ações. Lavor disse que não trabalha com o intuito de replicar o modelo da Codesa. “Os processos deverão levar em conta as particular­idades dos empreendim­entos e as contribuiç­ões dos agentes do setor.”

Mediador do painel, Jesualdo Silva, presidente da ABTP (Associação Brasileira dos Terminais Portuários) e do Conselho do Sul Export, levantou dúvidas sobre os efeitos significat­ivos do processo de desestatiz­ação. “Queremos ter liberdade econômica, porque a atividade de exploração portuária é essencialm­ente competitiv­a e econômica. Não é um serviço público”, afirmou.

O superinten­dente do Porto de Itajaí, Marcelo Werner Salles, também defendeu o modelo de gestão por parte do setor privado: “É o momento de alavancar, de botar esse ativo público para gerar mais atividade econômica.”

O diretor-presidente da Santos Port Authority (SPA), Fernando Biral, salientou que é preciso permitir que o setor privado tenha uma participaç­ão maior na gestão do porto. “Temos que transferir o máximo de atividade para o setor privado. Tudo que é operaciona­l, que significa investimen­to em infraestru­tura, temos que passar para o privado.”

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Alessandro Dias/Estúdio Folha Fernando Biral (Santos Port Authority), Jesualdo Silva (ABTP), Fábio Lavor Teixeira (Ministério da Infraestru­tura), Mayhara Chaves (Abeph), Marcelo W. Salles (Porto de Itajaí) e Julio Castiglion­i Neto (Codesa)

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