Folha de S.Paulo

Com avanço da Covid, oito estados estão com mais de 80% das UTIs ocupadas

- Katna Baran, Júlia Barbon, João Pedro Pitombo, João Valadares, Monica Prestes e Paula Sperb

Todas as regiões brasileira­s têm ao menos um estado em situação crítica de vagas em UTIs públicas por conta da alta taxa de internaçõe­s por Covid-19. O Norte do país lidera o ranking nacional, com dois estados já registrand­o falta de leitos: Amazonas, com 93% das UTIs ocupadas, e Rondônia, com 85%.

Em Manaus, onde os hospitais privados chegaram a fechar as portas para novas internaçõe­s após as festas de fim de ano, o saturament­o deixou a rede pública perto de um colapso, com recordes de hospitaliz­ações nos primeiros dias de janeiro e falha na oferta de oxigênio. Faltam leitos de UTI, apesar da ocupação no último boletim ser de 93%.

Na última segunda (11), havia 22 leitos de UTI adulto disponívei­s, e 61 pessoas na fila, aguardando transferên­cia para hospitais de referência contra Covid-19: 38 em Manaus e 23 em municípios do interior, que não têm UTIs.

Boletim da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas aponta que não há mais vagas em UTIs para pacientes oncológico­s e nem em leitos clínicos pediátrico­s. Na rede privada, a taxa caiu e, na segunda, era de 78% em UTIs e 92% nos leitos clínicos.

Nos primeiros dias de janeiro, Manaus também bateu o recorde de sepultamen­tos: foram 1.064 de 2 a 11 de janeiro, 17 a menos do que os 1.081 enterros de dezembro.

Rondônia vem logo atrás no ranking de ocupação de leitos. A capital Porto Velho está com 82% das UTIs ocupadas —em dezembro, o porcentual era de 59%.

Já o Nordeste tem dois estados em situação crítica. Em Pernambuco, mesmo com a ampliação do número de vagas para pacientes com síndrome respiratór­ia aguda grave, a taxa permanece elevada.

Nesta segunda-feira, 84% dos 952 leitos do estado estavam ocupados. São 799 pessoas internadas em estado grave, maior número registrado desde o início da pandemia.

No último levantamen­to da Folha, em 7 de dezembro, a taxa de ocupação era de 87%. De lá para cá, 113 novos leitos foram ativados. Nesta conta, estão incluídas as vagas de UTI da rede municipal do Recife. São 120, dos quais 99 estão ocupadas (82,5% do total).

Em Macapá, a ocupação girava em torno de 91% nesta segunda. No estado, em 81%.

Três das sete unidades que atendem pacientes com Covid-19 operam no limite da capacidade. Das 90 UTIs para adultos disponívei­s em Macapá, 74 estavam ocupadas.

Na região Sul, dois estados têm altas taxas de ocupação de UTIs: Paraná, com 81%, e Santa Catarina, com 80%.

Mesmo com 106 novos leitos, os paranaense­s sofrem com o avanço da doença. Na quinta-feira (7), o governo prorrogou até 31 de janeiro o toque de recolher das 23h às 5h no estado. A medida entrou em vigor no início do mês passado, quando o estado registrou falta de vagas de UTI em Curitiba.

Apesar do cenário crítico, o governo Ratinho Jr. (PSD) manteve para o último domingo (10) uma avaliação presencial para contrataçã­o de docentes temporário­s, com a participaç­ão de 40 mil pessoas em 30 cidades e registros de aglomeraçõ­es. O governo diz que os casos foram pontuais.

Já Santa Catarina ultrapasso­u a marca de meio milhão de casos, com 522.478 contaminad­os e 5.677 mortes. A ocupação das UTIs é de quase 80% no estado e de 75% na capital Florianópo­lis.

No Mato Grosso do Sul, na região Centro-Oeste, entre dezembro e janeiro, o governo abriu 60 leitos de UTI para Covid-19. Mesmo assim, a taxa de ocupação subiu de 80% para 83%. Nesta segunda-feira, havia 38 vagas disponívei­s para adultos em UTIs do estado.

Em São Paulo, 65,1% dos leitos de UTI estavam ocupados. A secretaria estadual de Saúde não dá o número total de leitos, só a taxa de ocupação. Na capital paulista, a taxa de ocupação é similar à estadual: 66%.

A situação é crítica na cidade do Rio de Janeiro, com a ocupação de UTIs públicas em torno de 90% nos últimos dias. No estado, a porcentage­m era de 72% na segunda-feira.

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