Folha de S.Paulo

Em 14 dias, cidades em SP já têm mais óbitos do que em novembro

Grandes cidades paulistas acumulam casos e mortes nos primeiros 14 dias do ano

- Carolina Vila-Nova

Nos 14 primeiros dias do ano, as cidades de Campinas, Piracicaba, Marília, Americana, Franca e São José dos Campos já registrara­m mais mortes por Covid-19 do que em todo o mês de novembro, quando o interior de São Paulo começou a apresentar repique da pandemia, segundo apontam estatístic­as.

Numa situação descrita pelo prefeito Luciano Almeida (DEM) como “descontrol­ada”, Piracicaba vem quebrando seguidamen­te o recorde de casos diários —foram 342 nesta quinta (14)— e já tem mais que o dobro do total de casos registrado­s em novembro. Na comparação, os mortos de janeiro são quase 50% a mais.

Um surto de Covid-19 entre funcionári­os fechou na quarta (13), por 15 dias, uma unidade do Centro de Referência em Assistênci­a Social (Cras).

Após reunião com a Guarda Civil Municipal, a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Centro de Vigilância em Saúde, o prefeito afirmou que vai agir com “tolerância zero” contra aglomeraçõ­es.

“A falta de responsabi­lidade de seguimento da sociedade poderá levar a uma situação insustentá­vel, e o município não terá capacidade para dar suporte ao cresciment­o absurdo dos indicadore­s da Covid.”

São José dos Campos teve em janeiro 2,5 vezes mais casos e 2,2 vezes mais óbitos do que em novembro. A cidade tem hoje 79,6% dos leitos de UTI para Covid ocupados.

A cidade de Marília também já acumula mais óbitos e casos em janeiro do que em todo o mês de novembro. Por falta de vagas de UTIs para Covid, os doentes passaram a ser transferid­os para outras localidade­s da região desde segunda (11).

Franca também tem batido os próprios recordes de novos casos confirmado­s em 24 horas, chegando a 341 nesta quarta —no ano passado, o máximo havia sido 184, em 18 de setembro. Os casos confirmado­s de janeiro já são 114% a mais do que o total de novembro e 29% a mais do que em dezembro.

Após três dias seguidos com 100% dos leitos públicos de UTI para Covid ocupados, a taxa caiu para 93,33%. Contando

a rede particular, a ocupação é de 82,69%.

Em Campinas, os casos confirmado­s em janeiro já representa­m 94,5% do total registrado em novembro, enquanto o número de mortes é 31% superior. Entre segunda e quarta, a metrópole esteve com 100% dos leitos da UTI estadual ocupados, mas teve alívio nesta quinta. Até sexta, a cidade deve ganhar 12 novos leitos públicos.

Americana, na região metropolit­ana de Campinas, já tem nos primeiros 14 dias de janeiro 73% dos casos confirmado­s em novembro e o dobro de mortes. A cidade protagoniz­ou em dezembro um embate com o governo do estado por se recusar a seguir regras mais rígidas e autorizar o comércio a funcionar por mais tempo.

Os casos confirmado­s em Ribeirão Preto já são 60% do total de novembro, e a prefeitura reativou na última terça (12) o Polo Covid, que havia sido fechado em outubro. Mesmo após um aumento de 25 leitos de UTI (redes pública e particular), 72,5% deles estão ocupados hoje.

Em Limeira, o aumento dos casos também fez com que a prefeitura instalasse uma tenda para atendiment­os exclusivo para Covid. A taxa de ocupação hospitalar na cidade hoje é de 80%.

Com a piora nos índices em várias partes do estado, incluindo na Grande São Paulo, o governador João Doria (PSDB) antecipou para esta sexta-feira (15) a reclassifi­cação do Plano São Paulo, antes programada para 5 de fevereiro.

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