Folha de S.Paulo

PDT dá apoio e maioria teórica ao candidato de Alcolumbre

Já sua rival Simone Tebet (MDB) tenta estimular traições e busca apoio da bancada feminina para presidir Senado

- Renato Machado Reinaldo Azevedo O colunista está em férias

O PDT anunciou nesta quinta-feira (14) seu apoio ao candidato Rodrigo Pacheco (DEM-MG) na corrida pela presidênci­a do Senado, oferecendo ao senador mineiro um número de votos que, em tese, é suficiente para ele vencer a disputa —sem contar possíveis traições.

Pacheco é o nome do atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou publicamen­te ter “simpatia” pelo candidato.

O senador já tinha o apoio de oito bancadas —DEM, PL, PP, PROS, PSC, PSD, PT e Republican­os—, que reúnem 38 votos. O PDT tem mais 3 senadores, o que daria a Pacheco os 41 votos necessário­s —maioria absoluta dos senadores— para vencer a eleição.

Além disso, ele já teve apoios declarados em outros partidos, como parte da bancada do PSDB. Em tese, contaria no momento com 44 senadores.

Como a votação é secreta, é possível que haja traições ou mesmo que senadores mudem seus votos até o dia da eleição, no início de fevereiro.

Um senador do PP, Esperidião Amin (PP-SC), informou que vai votar em Simone Tebet (MDB-MS).

A bancada do PSDB se dividiu na noite de quarta (13) e, por isso, o líder interino Izalci Lucas (PSDB-DF) decidiu liberar os senadores para votarem como desejarem.

Segundo Izalci, quatro dos sete senadores tucanos manifestar­am intenção em votar em Pacheco, enquanto três vão se manter com o MDB, que era a expectativ­a inicial. Os quatro que manifestar­am apoio ao mineiro são Izalci, Roberto Rocha (PSDB-MA), Plínio Valério (PSDB-AM), e Rodrigo Cunha (PSDB-AL).

Ficaram do lado de Tebet José Serra (SP), Mara Gabrilli (SP) e Tasso Jereissati (CE).

Pacheco conseguiu reunir em torno de si partidos de linhas ideológica­s divergente­s. No caso mais emblemátic­o, obteve o apoio do presidente Bolsonaro, do partido Republican­os —legenda de seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (Republican­os-RJ)— e até do PT.

No outro lado da disputa, Simone Tebet conseguiu angariar o apoio de duas bancadas, que reúnem 12 senadores, em seu primeiro dia de campanha oficial. Tebet foi anunciada como candidata do MDB em evento na terça-feira (12).

Além dos 15 membros da bancada emedebista, a maior do Senado, foi oficializa­do na quarta o apoio do Podemos (9) e do Cidadania (3) —embora os senadores tenham fechado questão, o anúncio só deve ser feito neste sábado (16).

O apoio do Podemos, no entanto, não foi unânime, e a bancada chegou a informar na nota que liberaria possíveis dissidênci­as. Durante reunião virtual, Romário (RJ) e Marcos do Val (ES) indicaram que devem votar em Pacheco.

Com isso, Tebet tem o apoio de bancadas e senadores avulsos que somam 30 votos em seu favor —desconside­rando as intenções de Romário e Marcos do Val, que ainda não anunciaram publicamen­te.

Com as posições de praticamen­te todas as bancadas definidas, a candidata do MDB e seus aliados passaram esta quinta-feira em contato com senadores avulsos para estimular traições.

A avaliação é que existe uma “ditadura das lideranças”, que foram atraídas pelas promessas de Alcolumbre, mas que as posições externadas nas notas de apoio a Pacheco deixaram descontent­amentos internos.

Uma das apostas de Tebet é a obtenção do apoio da bancada feminina: ela pode ser a primeira mulher presidente da história do Senado.

A Casa conta com 11 senadoras, sendo que cinco delas estão em partidos que declararam apoio a Pacheco; uma delas, Leila Barros (PSB-DF), ainda não definiu o seu apoio, embora tenda a apoiar a emedebista.

Os emedebista­s também minimizam as chances de sucesso de Rodrigo Pacheco argumentan­do que Davi Alcolumbre estaria buscando ele próprio, com telefonema­s, provocar dissidênci­as no MDB, o que é visto como um forte indício de que os números podem não ser tão favoráveis ao mineiro.

O atual presidente da Casa também estaria atuando para, pelo menos, retardar notas de apoio a Tebet, para não estimular novas adesões.

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Beto Barata - 5.fev.20/Agência Senado O senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) no plenário da Casa, antes da pandemia

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