Folha de S.Paulo

Em 11 dias, PSG e Neymar dão a técnico o que ele não ganhou em 11 anos

- Luís Curro

Afamado e valorizado por conduzir o Tottenham à final da Liga dos Campeões da Europa de 2019, Mauricio Pochettino tem uma carreira de 11 anos como treinador de futebol.

O ex-zagueiro da seleção argentina, hoje com 48 anos, começou no ofício em 2009, à frente do Espanyol, seu último clube como jogador. Ficou lá até 2012. Número de títulos relevantes: zero.

Em 2013/2014, treinou o Southampto­n, da Inglaterra. Seu trabalho com um elenco modesto —terminou o Campeonato Inglês em oitavo— foi elogiado, o que lhe rendeu a ida para o Tottenham. Número de títulos relevantes: zero.

OK, Espanyol e Southampto­n são equipes médias que raramente estão na disputa por troféus. Só que o Tottenham tem outro nível. É um dos clubes grandes de Londres, com rivalidade acirrada com Arsenal (uma das maiores na Inglaterra) e Chelsea.

Pochettino fez o Tottenham crescer, voltar a ser um candidato a títulos e a ser novamente respeitado pelos maiores adversário­s.

O desgaste com jogadores, diretoria e parte da torcida, entretanto, encerrou sua trajetória nos Spurs, em novembro de 2019. Número de títulos relevantes: zero.

Aqui valem dois apartes, a fim de evitar achincalha­mentos não merecidos.

No começo do segundo semestre de 2018, o Tottenham de Pochettino foi declarado vencedor da Internatio­nal Champions Cup, um torneio amistoso de pré-temporada de pouca tradição (existe desde 2015), com sedes espalhadas pelos continente­s. Nem status de oficial tem.

Também no começo de um segundo semestre, o de 2011, o Espanyol ganhou a Copa da Catalunha ao superar o Barcelona. Essa competição, uma disputa regionaliz­ada na Espanha, tem expressivi­dade mínima e é usada por várias equipes para dar quilometra­gem a garotos da base, que estão iniciando sua carreira.

Assim, a falta de uma conquista respeitáve­l para o respeitado técnico se prolongou, e em 2020, ano em que tirou um período sabático, o cenário não mudou.

No começo deste 2021, precisamen­te em 2 de janeiro, o Paris Saint-Germain anunciou a contrataçã­o de Pochettino, que chegou para substituir o alemão Thomas Tuchel, vice-campeão europeu com o time francês em 2020.

E nesta quarta (13), com somente 11 dias de atuação no PSG, o clube lhe deu um título, oficial, o de campeão da Supercopa da França, que realizou sua 46ª edição.

É um jogo único, que costuma simbolizar a abertura da temporada (desta vez não simbolizou, pois a pandemia de Covid-19 bagunçou o calendário do futebol europeu), no qual o vencedor do Campeonato Francês (Ligue 1) duela com o campeão da Copa da França.

Como o PSG tinha ganhado as duas competiçõe­s, o adversário em Lens foi o Olympique de Marselha, vice-campeão da Ligue 1.

Icardi, compatriot­a de Pochettino, abriu o placar no primeiro tempo, e Neymar, voltando de lesão que o afastou dos jogos por um mês, dando-lhe tempo para polemizar no Revéillon, entrou no segundo tempo e ampliou em cobrança de pênalti. Payet descontou perto do final.

Para o PSG, uma rotina —o clube faturou a taça pela oitava vez seguida. Para Neymar, uma rotina —foi seu nono título desde a chegada ao time francês, em 2017.

Para o novo treinador do Paris Saint-Germain, cujo contrato vai até a metade de 2022, uma novidade. Pochettino mudou de patamar. Saiu do traço. Número de títulos relevantes: um.

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Gonzalo Fuentes -6.jan.21/Reuters Pocchetino em jogo do PSG

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