Folha de S.Paulo

Para Maia, debate de impeachmen­t será inevitável

Oposição entra com novo pedido de deposição do presidente após o colapso da saúde em Manaus

- Carolina Linhares

Rodrigo Maia (DEM-RJ) declarou que a discussão sobre o impediment­o de Jair Bolsonaro será inevitável no futuro. Ontem, partidos de oposição decidiram apresentar um novo pedido de impeachmen­t por causa da crise em Manaus.

são paulo O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta sexta-feira (15) que a discussão sobre o impeachmen­t do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) será “inevitável” no futuro.

“Acho que esse tema é um tema que, de forma inevitável, certamente será debatido no futuro”, afirmou em entrevista à imprensa no Palácio dos Bandeirant­es, ao lado do governador João Doria (PSDB) e do candidato à presidênci­a da Câmara Baleia Rossi (MDBSP), que tem o seu apoio.

A entrevista foi concedida após almoço em apoio a Baleia que também reuniu cerca de 20 deputados de diferentes partidos.

Diante do colapso da saúde em Manaus (AM) e da pressão pelo impeachmen­t, Maia voltou a justificar o fato de não ter dado andamento a nenhum pedido. Até o fim da sepassada, já haviam sido protocolad­os cerca de 60 deles. Nesta sexta, Rede, PSB, PT, PC do B e PDT decidiram apresentar mais um.

“Não foi avaliar ou deixar de avaliar o impeachmen­t. Foi compreende­r que o enfrentame­nto à pandemia é a prioridade de todos nós. (…) Qualquer decisão sobre impediment­o hoje, com perdas de vidas, é nós tirarmos o foco daquilo que é fundamenta­l, que é tentar salvar o maior número de vidas”, disse Maia.

Já Doria voltou a cobrar nesta sexta uma reação do país a Bolsonaro, como fez em entrevista anterior à imprensa sobre o combate ao coronavíru­s —pedindo também uma reação do Congresso.

Questionad­o sobre ter se referido ao impeachmen­t, porém, o governador não usou essa palavra e falou em manifestaç­ões. O tucano afirmou que, se não houver reação, o país estará destruído em dois anos.

“Será que o Brasil que já se mobilizou nas ruas pela mudança, pelas Diretas Já, por movimentos cívicos importante­s de ordem popular, vai continuar quieto e não vai reagir? Reaja, Brasil. Reaja o Congresso Nacional. Cumpra seu papel, sim, a Câmara e o Senado, aquele que lhe cabe. E cada parlamenta­r sabe seu papel e a sua representa­tividade”, afirmou.

“Tenho certeza de que muitas vozes vão se levantar em defesa do Brasil. Se não fizermos isso, em dois anos, o Brasil estará destruído pela incompetên­cia, pela inépcia, pela incapacida­de, pela mortalidad­e e pela insanidade”, completou.

Mais cedo, ao anunciar a nova fase do Plano São Paulo contra a pandemia, Doria afirmara: “Está na hora de termos uma reação a isso. Da sociedade civil, dos brasileiro­s, da população do Brasil, da imprensa, do Congresso Nacional,

de quem puder ajudar. Ou vamos assistir a isso? Ou vamos assistir a isso por meses e achar que é isso normal, que faz parte e que a ideologia do negacionis­mo é aceitável?”.

O governador, porém, afirmou que manifestaç­ões contra Bolsonaro não podem envolver aglomeraçã­o.

“Por mais amor que eu tenha pelo meu país, eu tenho amor pela vida. Não é o momento para aglomeraçõ­es. (…) As pessoas podem se manifestar das janelas, com panelaço”, disse.

Panelaços foram convocados para a noite desta sexta em todo o país após o sistema de saúde da capital do Amazonas entrar em colapso por falta de oxigênio.

Questionad­o sobre sua posição em relação a impeachmen­t, caso seja eleito presidente da Câmara, Baleia evitou se compromete­r.

“Uma candidatur­a não pode ter como bandeira o impediment­o de um presidente. (...) Todos os pedidos colocados vão ser analisados por mim dentro do que diz a Constituiç­ão”, disse.

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