Para Maia, debate de impeachment será inevitável
Oposição entra com novo pedido de deposição do presidente após o colapso da saúde em Manaus
Rodrigo Maia (DEM-RJ) declarou que a discussão sobre o impedimento de Jair Bolsonaro será inevitável no futuro. Ontem, partidos de oposição decidiram apresentar um novo pedido de impeachment por causa da crise em Manaus.
são paulo O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta sexta-feira (15) que a discussão sobre o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) será “inevitável” no futuro.
“Acho que esse tema é um tema que, de forma inevitável, certamente será debatido no futuro”, afirmou em entrevista à imprensa no Palácio dos Bandeirantes, ao lado do governador João Doria (PSDB) e do candidato à presidência da Câmara Baleia Rossi (MDBSP), que tem o seu apoio.
A entrevista foi concedida após almoço em apoio a Baleia que também reuniu cerca de 20 deputados de diferentes partidos.
Diante do colapso da saúde em Manaus (AM) e da pressão pelo impeachment, Maia voltou a justificar o fato de não ter dado andamento a nenhum pedido. Até o fim da sepassada, já haviam sido protocolados cerca de 60 deles. Nesta sexta, Rede, PSB, PT, PC do B e PDT decidiram apresentar mais um.
“Não foi avaliar ou deixar de avaliar o impeachment. Foi compreender que o enfrentamento à pandemia é a prioridade de todos nós. (…) Qualquer decisão sobre impedimento hoje, com perdas de vidas, é nós tirarmos o foco daquilo que é fundamental, que é tentar salvar o maior número de vidas”, disse Maia.
Já Doria voltou a cobrar nesta sexta uma reação do país a Bolsonaro, como fez em entrevista anterior à imprensa sobre o combate ao coronavírus —pedindo também uma reação do Congresso.
Questionado sobre ter se referido ao impeachment, porém, o governador não usou essa palavra e falou em manifestações. O tucano afirmou que, se não houver reação, o país estará destruído em dois anos.
“Será que o Brasil que já se mobilizou nas ruas pela mudança, pelas Diretas Já, por movimentos cívicos importantes de ordem popular, vai continuar quieto e não vai reagir? Reaja, Brasil. Reaja o Congresso Nacional. Cumpra seu papel, sim, a Câmara e o Senado, aquele que lhe cabe. E cada parlamentar sabe seu papel e a sua representatividade”, afirmou.
“Tenho certeza de que muitas vozes vão se levantar em defesa do Brasil. Se não fizermos isso, em dois anos, o Brasil estará destruído pela incompetência, pela inépcia, pela incapacidade, pela mortalidade e pela insanidade”, completou.
Mais cedo, ao anunciar a nova fase do Plano São Paulo contra a pandemia, Doria afirmara: “Está na hora de termos uma reação a isso. Da sociedade civil, dos brasileiros, da população do Brasil, da imprensa, do Congresso Nacional,
de quem puder ajudar. Ou vamos assistir a isso? Ou vamos assistir a isso por meses e achar que é isso normal, que faz parte e que a ideologia do negacionismo é aceitável?”.
O governador, porém, afirmou que manifestações contra Bolsonaro não podem envolver aglomeração.
“Por mais amor que eu tenha pelo meu país, eu tenho amor pela vida. Não é o momento para aglomerações. (…) As pessoas podem se manifestar das janelas, com panelaço”, disse.
Panelaços foram convocados para a noite desta sexta em todo o país após o sistema de saúde da capital do Amazonas entrar em colapso por falta de oxigênio.
Questionado sobre sua posição em relação a impeachment, caso seja eleito presidente da Câmara, Baleia evitou se comprometer.
“Uma candidatura não pode ter como bandeira o impedimento de um presidente. (...) Todos os pedidos colocados vão ser analisados por mim dentro do que diz a Constituição”, disse.