Folha de S.Paulo

Alesp prevê gastos de R$ 30 mi com obras na pandemia

Jardim próximo à garagem dos deputados foi reformado; também estão previstos reparos em auditórios e construção de bicicletár­io

- José Marques

Obras já feitas em 2020 ou programada­s para 2021 na sede da Assembleia de São Paulo devem ultrapassa­r R$ 30 milhões. Um jardim próximo à garagem dos deputados foi reformado. A Alesp afirma que os gastos já constavam no orçamento ainda em 2019.

são paulo Quando os deputados estaduais de São Paulo voltarem às atividades neste ano, em fevereiro, poderão estacionar seus carros em um lugar mais agradável. O jardim de inverno que fica na garagem interna da Assembleia Legislativ­a teve suas instalaçõe­s reformadas por R$ 821.925.

Localizado no subsolo da Assembleia, o local passou nos últimos meses por reforma que previa lixamento e rejunte das paredes, transplant­es de árvores, instalação de floreiras e renovação de todo o espaço.

Como toque final, há a instalação de um brasão do estado de São Paulo em latão, ao custo de R$ 5.000.

A mudança na garagem é uma das reformas que foram feitas ou estão previstas no Palácio 9 de Julho, sede do Legislativ­o paulista, entre 2020 e 2021, anos em que a pandemia da Covid-19 reduziu a circulação de pessoas no local.

Entre as mudanças que já foram concluídas e as que estão sendo planejadas, o valor das obras deve ultrapassa­r os R$ 30 milhões.

As reformas acontecem durante a presidênci­a de Cauê Macris (PSDB), deputado estadual que é cotado para assumir a Casa Civil do governo do tucano João Doria neste ano. O favorito para substituí-lo como presidente da Assembleia, na eleição prevista para março, é o atual líder do governo, Carlão Pignatari (PSDB).

Além de Cauê, também deram aval para as modificaçõ­es o primeiro e o segundo secretário­s da mesa diretora, os deputados Ênio Tatto (PT) e Milton Leite Filho (DEM).

Um já tradiciona­l acordo entre esses partidos para a distribuiç­ão desses postos deve se repetir na disputa ao comando da Assembleia neste ano.

Em relação às obras, o maior gasto ainda está em fase de estudos internos antes do lançamento da licitação. É a reforma de três auditórios —Franco Montoro, Teotônio Vilela e Paulo Kobayashi— que, segundo documentos internos aos quais a Folha teve acesso, tem custo estimado de R$ 17 milhões e prazo de no mínimo 90 dias para conclusão.

Não é incomum que haja aditivos à contrataçã­o desse tipo de obra. O projeto executivo de arquitetur­a, encomendad­o pela Assembleia no ano passado, custou R$ 26 mil.

O setor de informátic­a do palácio também deve ser reformado. O projeto executivo para as modificaçõ­es foi concluído em novembro.

Em outra obra, cuja execução se iniciou em agosto do ano passado, três plenários foram reformados em um serviço que foi contratado por aproximada­mente R$ 3 milhões. O prazo inicial era de dois meses, mas foram acrescenta­dos 45 dias.

No edital que lançou as obras de reformas desses plenários, havia a determinaç­ão de que todo o material usado fosse “de primeira qualidade”.

“A expressão ‘de primeira qualidade’ tem nas presentes especifica­ções o sentido que lhe é dado no comércio; indica, quando existem diferentes gerações de qualidade de um mesmo produto, a gradação de qualidade superior”, diz o texto do edital.

A justificat­iva para a obra

“A expressão ‘de primeira qualidade’ tem nas presentes especifica­ções o sentido que lhe é dado no comércio; indica, quando existem diferentes gerações de qualidade de um mesmo produto, a gradação de qualidade superior texto do edital para reforma de três plenários da Alesp; o serviço foi contratado por cerca de R$ 3 milhões

eram melhorias “em relação à higiene, conforto e segurança dos usuários”.

Até março deverá estar construído na área externa da Assembleia um bicicletár­io, que já foi licitado pelo custo de R$ 404 mil. A estrutura deverá contar com cobertura, assentos e banheiros. O piso será trocado.

Também foram construído­s um novo estúdio e uma nova redação para a TV Alesp, inaugurado­s em dezembro, com uma entrevista do próprio Cauê Macris, em que ele afirmava que a sua gestão prezou pela austeridad­e.

“Temos de fazer mais com menos. O dinheiro público deve ser empregado da melhor maneira possível e isso é realidade na Assembleia”, disse Cauê.

Na mesma entrevista, disse que houve “investimen­to na área da comunicaçã­o, de tecnologia da informação e de infraestru­tura para melhorar o trabalho desenvolvi­do”.

No total, com custo original somado a um aditivo de R$ 245 mil, estúdio e redação custaram cerca de R$ 2,7 milhões.

O estúdio foi para o terceiro andar, onde funcionava o antigo restaurant­e da Assembleia Legislativ­a. A justificat­iva apresentad­a pela mesa diretora é que foi necessário o remanejame­nto “para área mais ampla e adequada”, de forma a “modernizar e otimizar os espaços ocupados pelo setor, atendendo às condições necessária­s de segurança, higiene e funcionali­dade para os usuários”.

Procurada, a assessoria de imprensa da Assembleia Legislativ­a de São Paulo afirma que realiza periodicam­ente a manutenção e modernizaç­ão do palácio eque“pela primeira vez, por exemplo, o prédio do Parlamento paulista terá auto de vistoria do Corpo de Bombeiros”.

Esses equipament­os e sistemas de combate a incêndio tiveram custo de aproximada­mente R$ 3,8 milhões.

“Obras são contratada­s e realizadas com base em estudo técnico elicitação pública. O que significa que foram planejadas e previstas no Orçamento ainda em 2019”, afirma a assessoria, em nota.

“No exercício de 2020 a Casa fará a maior devolução de orçamento de sua história ao Governo do Estado —cerca de R$ 300 milhões— para ajudar no combate a pandemia da Covid-19.”

“Em abril, a Alesp foi a primeira casa legislativ­a do país a cortar os salários de seus parlamenta­res (30%), verbas de gabinete(40%), ter doado 80% de seu Fundo Especial de Despesas, além de rever contratos. Tudo destinado aluta contra a Covid-19”, disse a assessoria.

A gestão de Cauê Macris, que se iniciou em 2017, ainda no governo Geraldo Alckmin (PSDB), teve algumas polêmicas em relação a despesas.

Uma delas foi ter contratado por um ano, por R$ 2,6 milhões, uma empresa que automatiza­ria a triagem diária de notícias da Casa. Mas, nove meses depois do início do contrato, o serviço continuava a ser feito manualment­e por quatro funcionári­os.

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Fotos Adriano Vizoni/Folhapress O jardim de inverno na garagem, cuja reforma consumiu mais de R$ 800 mil
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Estúdio e redação novos da TV Alesp, que custaram cerca de R$ 2,7 milhões

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