Folha de S.Paulo

Industriai­s se unem para ajudar Manaus

Entidades se mobilizam para doar oxigênio e material de proteção em meio ao caos na saúde pública na cidade

- Bruna Narcizo

Industriai­s ligados ao grupo Coalizão Brasil, composta por 14 entidades de vários setores da indústria brasileira, se mobilizam para ajudar a cidade de Manaus.

A capital do Amazonas vive um colapso no sistema de saúde e sofre com a falta de oxigênio, sem conseguir atender pacientes em um repique de internaçõe­s na pandemia do novo coronavíru­s.

O pedido de ajuda partiu de José Jorge Júnior, presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricante­s de Produtos Eletroelet­rônicos).

“Temos uma relação muito forte com o estado do Amazonas. Muitas empresas associadas têm fábrica em Manaus, e eu mesmo sou da cidade. No ano passado, em conjuntos com outras entidades locais, fizemos várias ações que foram suficiente­s. Mas, diante da gravidade da situação de agora, convidei outras entidades nacionais para participar da ação”, diz Jorge Júnior.

Ele conta que a mobilizaçã­o teve início por volta das 19h da quinta-feira (14). Rapidament­e, outras 13 entidades fabris se mobilizara­m e começaram a procurar maneiras de ajudar a cidade amazonense. “Ficamos até as 2h articuland­o e contatando empresas para fazer as doações.”

Algumas entidades já se manifestar­am com apoios concretos. É o caso do Instituto Aço Brasil, que representa a indústria do aço. Segundo Jorge Junior, uma das associadas à entidade vai fazer uma doação de 300 mil metros cúbicos de oxigênio. “Já está saindo a primeira carreta com destino a Manaus”, diz o presidente da Eletros.

Uma associada da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipament­os), de Pernambuco, é fabricante de usinas para produzir oxigênio medicinal e tem cinco para pronta entrega.

As usinas podem ser montadas em três dias e conseguem produzir oxigênio para atender cerca de 180 leitos. “Cada uma delas tem um custo de R$ 1 milhão, contando com o transporte de Pernambuco para Manaus. O fabricante consegue doar uma das cinco e nós estamos atrás de fundos para comprar as outras quatro”, afirma Júnior.

Ele diz que já está em contato com os governador­es e prefeitos para viabilizar os espaços onde as usinas vão poder ser montadas.

Outra ação importante, diz ele, veio da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), que doou 10 mil máscaras do tipo N95 e 5.000 aventais para as equipes de saúde. “Também chegaram, agora, 150 máscaras utilizadas em UTI para respiração não invasiva.”

O presidente da Eletros também diz que as indústrias do polo de Manaus também se compromete­ram a parar de consumir e produzir o oxigênio usado na indústria para passar a produzir e doar oxigênio medicinal.

“Sem demagogia. Essa nova cepa [do vírus] tem um poder devastador muito maior. É difícil abrir a rede social e ver amigos morrendo.”

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