Famílias recorrem a UTIs aéreas privadas para levar pacientes
brasília Sem UTIs aéreas, o Ministério da Saúde só está transferindo pacientes de Manaus que não estejam em um leito de terapia intensiva, que não venham a precisar desse serviço e que não tenham desenvolvido um aparente agravamento da saúde dos pulmões.
Por outro lado, familiares de pacientes com dinheiro para pagar pelo serviço fazem fila por uma UTI aérea privada. Em algumas empresas, já existem agendamentos de transportes de pessoas com Covid-19 até domingo (17) partindo da capital do Amazonas.
Manaus vive mais uma crise aguda na pandemia. Desta vez, a razão da crise é a falta de oxigênio.
A segunda onda de infecção na cidade fez repetirem as cenas da primeira, ainda no começo da pandemia.
Quem tem dinheiro paga pelo transporte em um jatinho privado equipado com UTI aérea. Quem não tem fica na rede pública da cidade, colapsada por falta de oxigênio, ou embarca em voos do governo para buscar tratamento em outras capitais, desde que não seja grave o estado de saúde.
O cenário descrito em emclínicas presas de transporte aéreo é de caos, com agendamentos sendo feitos com 48 horas de antecedência. Os voos das aeronaves que contam com esse serviço estão concentrados para atender clientes de Manaus.
A Folha registrou um desses transportes. O jatinho pousou em Brasília, oriundo de Manaus,
com um paciente intubado, que enfrenta a Covid-19. O deslocamento até um hospital na capital federal prosseguiu em uma ambulância que tem o serviço de UTI móvel.
Já as transferências de pacientes a cargo do governo federal só serão feitas se não houver a necessidade de uma
UTI, diante da complexidade do transporte. A Folha apurou a informação com técnicos do governo envolvidos na operação e confirmou com o Ministério da Saúde.
“Não haverá uso de UTI aérea porque, ao menos para esta fase da ação, os traslados serão com doentes que não se encontram em estado grave”, afirmou a pasta, por meio da assessoria de imprensa.
Os primeiros transportes a um hospital universitário federal foram feitos na manhã desta sexta-feira (15). Inicialmente, iriam embarcar a Teresina 11 pacientes de Manaus. Dois não tinham condições para voar, e a aeronave seguiu com nove.
A capital do Piauí receberia mais 15 pacientes ainda nesta sexta. O destino dos próximos voos deve ser São Luís, com 40 pessoas em dois voos. Também estavam previstos, ainda nesta sexta, deslocamentos de 20 pacientes a Brasília e 20 a Goiânia, sempre a hospitais universitários federais.
As reservas feitas nesses hospitais são de leitos de enfermaria, partindo-se do princípio de que o estado clínico dos pacientes não demandará um leito de UTI. O propósito é garantir suprimento de oxigênio e retirar a pressão por oxigênio nos hospitais de Manaus.
As transferências são consideradas complexas por servidores do governo envolvidos na operação.
Quatro aeronaves fazem os transportes, sendo duas da Força Aérea Brasileira e duas de uma companhia privada, sob a responsabilidade do Ministério da Saúde. Os aviões estão equipados com oxigênio, mas não contam com serviço de terapia intensiva.
Geralmente, uma UTI aérea transporta um único paciente. Somente os hospitais universitários federais reservaram 135 leitos a pacientes de Manaus, em cinco estados e no DF.