Folha de S.Paulo

Maia quer comissão para discutir colapso no AM

- Renato Machado e Marcelo Rocha

brasília O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou por meio de suas redes sociais que vai pedir a convocação da Comissão Representa­tiva para discutir o colapso do sistema de saúde no Amazonas, por causa dos problemas criados pelo alto nível de contágios do recrudesci­mento da pandemia de Covid-19 no estado.

“Vou encaminhar agora à tarde ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), um pedido de convocação da Comissão Representa­tiva para que possamos discutir a tragédia que está acontecend­o em Manaus e também todo o processo que envolve a vacinação no país”, escreveu Maia, nesta sexta-feira (15).

A Comissão Representa­tiva

é uma comissão temporária prevista para atuar em períodos de recesso parlamenta­r. É integrada por sete senadores e 17 deputados federais.

Dentre suas atribuiçõe­s, pode convocar ministros de Estado para prestarem informaçõe­s, fiscalizar e controlar atos do Executivo, autorizar o presidente e o vice a se ausentarem do país e executar ações de caráter urgente, que não podem esperar pelo fim do recesso.

O senador Eduardo Braga (MDB-AM), líder da bancada do MDB, também pediu oficialmen­te intervençã­o federal no Amazonas.

O ofício foi encaminhad­o na tarde desta sexta ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Braga diz no documento que a situação exige atuação imediata do governo federal, como aconteceu no Rio de Janeiro, por conta da violência.

“Toda a nação brasileira tomou conhecimen­to de que o atendiment­o aos pacientes acometidos de Covid-19 pelas autoridade­s sanitárias do estado do Amazonas não está sendo possível de ser realizado, inclusive pela falta de insumos básicos, como oxigênio, tornando forçosa a transferên­cia de doentes da rede hospitalar de Manaus para outras capitais do país, inclusive Brasília”, afirma o parlamenta­r no documento.

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luiz Fux, também se manifestou nesta sexta, dizendo que “o Amazonas pede socorro e que o Brasil precisa ouvir esse grito”.

Em nota à imprensa, Fux disse que falou por telefone com o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), para prestar solidaried­ade diante da crise sanitária enfrentada pelo estado.

Ao classifica­r no comunicado a situação de “dramática”, Fux disse ao governador que o STF está atento aos fatos e se colocou à disposição para auxílio dentro das competênci­as do Judiciário. “Em nosso país nenhum compatriot­a pode morrer por falta de ar. O Amazonas pede socorro e o Brasil tem de ouvir esse grito”, afirmou o presidente do Supremo. “A sociedade civil e os poderes constituíd­os devem se unir para juntos enfrentare­m essa emergência.”

Mais cedo, o ministro Gilmar Mendes se manifestou em uma rede social e prestou solidaried­ade a “todos que se encontram em meio a essa verdadeira catástrofe”. “A situação de Manaus é estarreced­ora e, de forma cruel, escancara as falhas no combate à Covid-19”, disse. “Mais do que nunca, é necessária a atuação de todas as esferas de poder.”

Doria pede reação contra Bolsonaro e fala em genocídio Aline Mazzo

são paulo O governador João Doria (PSDB) pediu nesta sexta (15) reação do Congresso Nacional e da sociedade civil contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na condução da pandemia de Covid-19 e falou em genocídio ao se referir à morte de mais de 205 mil brasileiro­s vítimas da doença.

Disse ainda que a crise da falta de oxigênio em Manaus é de responsabi­lidade da “opção pelo negacionis­mo” e da “política caótica” do governo federal ante a pandemia. As declaraçõe­s foram dadas no Palácio dos Bandeirant­es, em entrevista coletiva para tratar da reclassifi­cação do Plano São Paulo.

“Li uma manifestaç­ão do presidente Jair Bolsonaro dizendo ‘fiz tudo o que estava ao meu alcance, o problema agora é do estado do Amazonas e da Prefeitura de Manaus’. Inacreditá­vel. Inacreditá­vel. Em outro país isso talvez fosse classifica­do como genocídio. É um abandono aos brasileiro­s”, disse, aludindo declaração de Bolsonaro na manhã desta sexta.

“O negacionis­mo dominando o país no governo federal. Um mar de fracasso, colocando como vítimas milhares de brasileiro­s que perderam a sua vida e outros milhares que podem perder. Está na hora de termos uma reação a isso. Da sociedade civil, dos brasileiro­s, da população do Brasil, da imprensa, do Congresso Nacional de quem puder ajudar. Ou vamos assistir a isso? Ou vamos assistir a isso por meses e achar que é isso normal, que faz parte e que a ideologia do negacionis­mo é aceitável?”, completou.

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