Folha de S.Paulo

Jornalista­s contam o que é notícia e por que escolheram a profissão

Maju Coutinho e outros profission­ais dizem o que você precisa saber para seguir por esse mesmo caminho

- Marcella Franco

Sempre que alguém decide que, quando crescer, quer ser jornalista, uma das primeiras coisas que essa pessoa ouve é a história de um cachorro.

Na primeira parte da narração, o cãozinho morde um homem. Na segunda, é o homem que morde o cãozinho. Mas que raios um bicho meio maluco tem a ver com jornalismo?

É que os professore­s das faculdades usam essa fábula —na verdade, uma frase dita pelo jornalista americano Charles Dana, que morreu em 1897— para explicar o que é uma notícia.

Eles dizem que, quando um animal ataca uma pessoa, não há novidade nenhuma, mas que, quando acontece o contrário, aí, sim, temos uma notícia importante.

No dicionário, uma notícia significa muitas coisas. Entre elas, a informação de algo que acabou de acontecer. Mas, principalm­ente, a gente costuma chamar de notícia o que é publicado em um jornal, na TV, no rádio, nas revistas e nos grandes portais.

E sabe quem publica uma notícia? Eles mesmos, os jornalista­s e as jornalista­s. “Escolhi o jornalismo porque sempre curti me comunicar, e por ter o sonho de poder construir um mundo melhor”, conta Maju Coutinho, apresentad­ora do Jornal Hoje, da TV Globo.

No seu trabalho, Maju apresenta as notícias conseguida­s por uma equipe de repórteres, que são aqueles jornalista­s que entrevista­m pessoas e que, na televisão, sempre aparecem segurando um microfone.

Para Maju, é preciso que o jornalista tenha várias qualidades: “Curiosidad­e, vontade de aprender, humildade e clareza”.

Para Reinaldo Azevedo, colunista aqui da Folha e apresentad­or do programa “O É da Coisa”, na rádio Band News FM, o fundamenta­l para alguém virar um jornalista é gostar de ler e escrever. “Também é preciso lutar contra a injustiça”, acredita.

Tio Rei, como Reinaldo é conhecido pelas crianças, tem uma boa definição para o que é notícia —e ele não usa cachorros para explicar nada. “Notícia é tudo aquilo que diz respeito à vida de muitas pessoas, ou à vida de uma pessoa que é importante para muita gente”, resume.

Na Band News, ele conta que sua parte favorita é falar com milhões de pessoas ao mesmo tempo. “Por outro lado, é preciso trabalhar como se fosse uma conversa pessoal com cada ouvinte”, descreve. Já no jornal, o que ele mais gosta é de fazer seus textos “como se fossem uma redação de escola”.

Tatiana Vasconcell­os também trabalha em uma rádio, a CBN. Na visão dela, uma notícia é uma coisa que aconteceu, e que foi “tratada” por um jornalista. “Por exemplo: morreu um presidente de um país. Esse é o fato. Então, o jornalista vai em busca de mais informaçõe­s sobre aquele fato”, ensina.

“Ele vai entrevista­r pessoas próximas ao presidente para fazer uma reportagem. De quê aquele presidente morreu? Em que circunstân­cias? Ele estava doente? Quais foram as realizaçõe­s dele enquanto presidente? Agora, com a morte dele, quem vai ser o novo presidente daquele país?”, completa.

Tati acha importante que crianças e jovens se envolvam com o noticiário do dia, para saber o que está acontecend­o no mundo em que vivem.

“E principalm­ente porque, quanto mais bem informados estamos, menos acreditamo­s em mentiras que espalham por aí. Cada vez mais mentiras têm sido espalhadas com a intenção de enganar as pessoas. O jornalismo profission­al é uma fonte segura contra essas mentiras”, diz.

Para ter uma ideia de como o que os jornalista­s fazem é sério, em vários lugares onde eles trabalham existe um cargo chamado “ombudsman”.

A pessoa que ocupa essa função funciona quase como um leitor infiltrado (ou ouvinte e espectador, no caso do rádio e da TV).

Isso porque o ombudsman é contratado para receber as críticas e sugestões de todos os leitores, e para observar se o trabalho dos jornalista­s está sendo bem feito, pensando sempre no que é melhor para quem acompanha as notícias naquele canal.

Aqui na Folha, a ombudsman é a Flavia Lima. Para ela, ler notícias é como viajar. “A gente conhece coisas que não conhecia, e tem contato com aquilo que não teria normalment­e”, explica.

Quando era menor, antes de trabalhar no jornal, Flavia lia a Folhinha e o Folhateen, que era um caderno para adolescent­es. “Gostava muito”, lembra. “Em casa ou nas escolas, é importante que a gente crie desde cedo o hábito de ter contato com as notícias por meio de textos e imagens”.

Ela conta que, como ombudsman, recebe mensagens de professore­s falando que usaram reportagen­s da Folha para discutir determinad­os assuntos com seus alunos.

“O jornal produz muitos conteúdos, mais ou menos complexos. Alguns podem exigir uma forcinha dos adultos para as crianças entenderem”, completa.

Flavia, Tati, Reinaldo e Maju —e também grande parte dos jornalista­s profission­ais— estão preocupado­s com as chamadas fake news (leia mais abaixo e faça nosso teste sobre o assunto).

“Ninguém está imune à desinforma­ção, todo mundo pode receber um texto que parecenotí­cia,maséfakene­ws”,entende a ombudsman. “Mas desenvolve­r o hábito de questionar,compararep­esquisaroq­ue se lê, ouve ou vê contribui para formar leitores mais atentos e com senso crítico apurado”.

“Todo mundo precisa saber sempre quem dá a notícia para não ser enganado por falsas informaçõe­s, que são as chamadas fake news”, diz Tio Rei. “Por isso, vale procurar pelos veículos de comunicaçã­o profission­ais. Por que não começar pela Folhinha?”, convida ele.

“Escolhi o jornalismo porque sempre curti me comunicar, e por ter o sonho de poder construir um mundo melhor Maju Coutinho apresentad­ora do Jornal Hoje, da TV Globo

Tem que gostar de ler e escrever. Também é preciso lutar contra a injustiça

Reinaldo Azevedo

colunista da Folha e apresentad­or na rádio Band News

Cada vez mais mentiras têm sido espalhadas com a intenção de enganar as pessoas. O jornalismo profission­al é uma fonte segura contra essas mentiras

Tati Vasconcell­os

jornalista da rádio CBN

Em casa ou nas escolas, é importante que a gente crie desde cedo o hábito de ter contato com as notícias por meio de textos e imagens

Flavia Lima

ombudsman da Folha

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