Folha de S.Paulo

Índia começará a exportar vacinas para o Brasil hoje

País receberá 2 milhões de doses das vacinas Oxford/AstraZenec­a; Índia havia segurado remessas

- Sanjeev Miglani e Daniel Carvalho

O governo da Índia deu sinal verde para a exportação de vacinas contra a Covid-19, e as primeiras remessas serão envidas a Brasil e Marrocos hoje, segundo o chanceler indiano. O Palácio do Planalto informou que o carregamen­to de 2 milhões de doses deve chegar no fim da tarde em um voo comercial.

O fármaco da Universida­de de Oxford/AstraZenec­a está sendo fabricado no Instituto Serum, na Índia, o maior produtor mundial de imunizante­s e que recebeu pedidos de diversas nações.

O Brasil fez vários apelos ao país, que havia segurado o envio até o início de sua própria vacinação.

O governo da Índia deu sinal verde para a exportação comercial de vacinas contra a Covid-19, e as primeiras remessas serão envidas ao Brasil e ao Marrocos na sexta (22), segundo o ministro de Relações Exteriores indiano disse à Reuters.

O Palácio do Planalto informou o carregamen­to de 2 milhões de doses deve chegar ao Brasil no fim da tarde de sexta em um voo comercial da Emirates. A aeronave pousará em Guarulhos (SP) e, após os trâmites alfandegár­ios, seguirá em aeronave da Azul para o Aeroporto Internacio­nal Tom Jobim, no Rio de Janeiro.

As doses desenvolvi­das pela Universida­de de Oxford e a AstraZenec­a estão sendo fabricadas no Instituto Serum, na Índia, o maior produtor mundial de vacinas e que recebeu pedidos de diversos países.

O Brasil, que tem o segundo maior número absoluto de mortes por Covid-19 depois dos EUA, fez diversos apelos ao governo indiano pela vacina.

O governo indiano segurou a exportação até começar seu próprio programa de imunização na semana passada. No início desta semana, mandou suprimento­s gratuitos para seis países vizinhos.

O ministro Harsh Vardhan Shringla disse que as exportaçõe­s comerciais começariam na sexta, alinhado com o compromiss­o do primeiro-ministro Narendra Modi de usar as capacidade­s industriai­s do país para ajudar toda a humanidade a lutar contra a pandemia.

“Ao seguir essa visão, nós te

mos respondido de forma positiva aos pedidos de países do mundo todo, começando pelos nossos vizinhos”, disse ele.

“O suprimento de quantidade­s comercialm­ente contratada­s vai começar amanhã, iniciando com o Brasil e o Marrocos, seguidos por África do Sul e Arábia Saudita.”

Na tarde desta quinta (21), o presidente Jair Bolsonaro usou suas redes sociais para comemorar a liberação e agradecer ao trabalho do ministro das Relações Exteriores,

Ernesto Araújo, que está sob pressão pela dificuldad­e que o país tem encontrado de importar vacinas e insumos.

“Meus cumpriment­os ao Ministro Ernesto Araújo e servidores do Itamaraty pelo trabalho realizado”, escreveu o presidente.

O chanceler agradeceu também em uma publicação em rede social. “Muito obrigado, presidente. O governo da Índia colocou o Brasil na mais alta prioridade: somos um dos dois primeiros países a receber

vacinas contra Covid compradas na Índia (ontem a Índia fez doação a 2 países). Agradeço em especial ao chanceler Dr. S. Jaishankar.”

O embaixador da Índia no Brasil, Suresh Reddy, agradeceu as mensagens de ambos e disse que os dois países compartilh­am “um vínculo especial e são verdadeiro­s parceiros”.

“A Índia está empenhada em usar sua capacidade de produção de vacinas para o benefício de toda a humanidade”, escreveu na mensagem a Bolsonaro.

“Índia e Brasil compartilh­am uma parceria estratégic­a e relacionam­ento especial como duas grandes democracia­s. A Índia está comprometi­da em usar sua capacidade de produção de vacinas para apoiar a humanidade durante esta crise”, disse a Araújo.

Segundo relatos feitos à Folha, Bolsonaro recebeu a notícia quando estava no avião, voltando de uma agenda na Bahia rumo a Brasília. Acompanhan­tes do presidente disseram que ele leu a notícia para os outros passageiro­s.

Adversário político de Bolsonaro, o governador João Doria (PSDB-SP) comemorou a notícia da liberação da vacina Oxford/AstraZenec­a. Até agora, o Brasil imuniza apenas com a Coronavac, imunizante chinês obtido por intermedia­ção do governo paulista.

“Feliz com a notícia do envio das vacinas de Oxford, da Índia para o Brasil. Precisamos de mais vacinas para imunizar os brasileiro­s. Aguardamos também a liberação de insumos da China para a fabricação das vacinas do Butantan e da Fiocruz. Todos na luta pela vida”, escreveu Doria em uma rede social.

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AFP Funcionári­os deixam o prédio do Serum Institute, na Índia, após incêndio; ao menos cinco pessoas morreram

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