Folha de S.Paulo

Lula teve diagnóstic­o de Covid e fez quarentena em Cuba

- Mônica Bergamo

O ex-presidente Lula foi diagnostic­ado com Covid-19 no dia 26 de dezembro, em Cuba, e precisou ficar 14 dias de quarentena no país.

O escritor Fernando Morais, que foi com ele à ilha, chegou a ficar internado, mas já está curado. Eles desembarca­ram na quarta (20) no Brasil.

Lula viajou a Cuba para participar de um documentár­io sobre a América Latina dirigido pelo cineasta americano Oliver Stone.

O petista estava sem sintomas, mas a doença foi detectada pelos exames que ele fez seguindo os protocolos cubanos para viajantes estrangeir­os que chegam ao país.

Três dias antes de embarcar, Lula e a comitiva, de mais oito pessoas, fizeram exames de RT-PCR, em que a coleta é feita com cotonete pelo nariz.

Um dia depois da chegada, todo o grupo repetiu o teste, que voltou a dar negativo.

Cuba, no entanto, exige que o exame seja refeito depois de cinco dias, já que existe a possibilid­ade de o RT-PCR não detectar o vírus logo depois da infecção, devido ao período de incubação.

Foi então que se descobriu que, dos nove viajantes, oito estavam contaminad­os: Lula, a noiva dele, Rosangela da Silva, a Janja, Fernando Morais, o fotógrafo Ricardo Stuckert e mais quatro assessores.

A conclusão da investigaç­ão epidemioló­gica foi que eles contraíram o vírus durante o deslocamen­to da viagem. O petista voou em um avião alugado pela produção do documentár­io.

Depois do diagnóstic­o, Lula fez uma tomografia que acusou que ele tinha lesões pulmonares compatívei­s com Covid-19. Sem sintomas, ele foi encaminhad­o para uma casa com os outros que testaram positivo. Apenas Fernando Morais foi para o hospital.

Os que apresentar­am algum tipo de problema pulmonar, como Lula, tomaram corticóide e anticoagul­antes.

Os médicos cubanos receitaram também o imunomodul­ador Jusvinza a Lula. A droga age sobre substância­s inflamatór­ias da Covid-19. Seu efeito no combate às reações da doença já entrou no protocolo de estudo de Cuba, que foi seguido por outros países e deve ser usado com acompanham­ento médico rígido.

As pessoas que acompanhav­am Lula e não tiveram lesão pulmonar ativa usaram Interferon cubano, na versão injetável ou nasal. O medicament­o também está em protocolo de estudo.

A evolução da doença foi acompanhad­a, no Brasil, pelo deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), que conversava quase todos os dias com Lula e com os médicos que acompanhav­am o grupo.

Ex-ministro da saúde, ele é médico formado pela Universida­de de Campinas (Unicamp) e especializ­ado em infectolog­ia pela USP.

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Ricardo Stuckert/Divulgação Lula e Fernando Morais depois que o escritor deixou hospital em Cuba

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