Washington volta ao jogo verde
Com EUA de volta ao jogo, Pequim e Washington abrem nova frente de disputa
Sob Trump, a Casa Branca se preocupou em resgatar os anos gloriosos do carvão. Agora, o green tech americano protagonizará novo capítulo na rivalidade tecnológica entre China e EUA. Na campanha, Biden prometeu US$ 2 trilhões à economia verde em seu mandato.
Depois de quatro anos de negacionismo climático sob Donald Trump,JoeBiden reverte aposição dos EUA em matéria de aquecimento global no primeiro dia de seu mandato. O retorno dos EUA ao Acordo de Paris cria condições excepcionalmente favoráveis para que os principais emissores de carbono — China, EUA e União Europeia— possam colaborar nesse tema.
Enquanto a oportunidade para cooperação tem recebido destaque, um fenômeno paralelo, no entanto, merece atenção. Trata-seda disputa 2.0 pelas tecnologias que vão viabilizara transição parau ma economia de baixo carbono. A competição queim porta nãoéa de quem se tornará carbono-neutro primeiro. Ou quem se sairá melhor na diplomacia climática.
Acorrida que interessaépe lo domínio das tecnologias que permitirão novas maneiras de produzir, transportar, consumir, construir e gerar eletricidade.
A disputa não é nova, mas cozinhava em fogo brando enquanto o ocupante da Casa Branca se preocupava em resgatar os anos gloriosos do carvão. Os EUA perderam tempo.
Agora, o green tech americano protagonizará um novo capítulo na rivalidade tecnológica China-EUA. Desta vez, co mamão amiga —e os bolsos fundos— do governo americano. Política industrial deixou de ser palavrão em Washington. Durante a campanha, Biden prometeu US$ 2 trilhões para a economia verde no seu primeiro mandato.
Doou trolado do mundo, o capitalismode Estado chinês nunca deixou de investir em carvão — mas vem há anos apostando alto em energia solar e eólica e em veículos elétricos. Busca inovações em várias frentes, como tecnologias para captura de carbono.
O novo plano quinquenal 20212025 redobrará os esforços para que a China domine as tecnologias e as cadeias de suprimento queganh arão om undoà medida que mais países traduzam, em ações concretas, seus compromissos de redução de emissões.
O risco é que haja uma reprise, em menor escala, da novela do 5 G. Ope rigoé que a tecnologias verdes adquira contornos característicos da confrontação dosa nos Trump. Como nunca antes, sua administração instrumentalizou preocupações de segurança nacional para proteger interesses econômicos.
O problema é que, hoje, até gente de bom-senso não sabe o que realmente representa um risco para a segurança nacional dos EUA. No afã de proteger tudo, os americanos correm o risco de não protegerem nada. E simplesmente abraçarem o protecionismo. Neste momento, os chineses investem, por exemplo, na aplicação de tecnologias digitais, como inteligência artificial e computação na nuvem, para oferecer soluções ambientais. Certamente haverá quem, nos EUA, entenda que isso é uma grande ameaça à segurança nacional do país. Se o TikTok supostamente é, por que essas outras tecnologias não seriam? Haverá quem defenda que apenas tecnologias livres de componentes chineses são seguras.
O sentimento anti-China nos EUA, cultivado com afinco por Trump, reverberará na gestão Biden. Influenciará essa nova disputa tecnológica e poderá prejudicar esforços para combater o aquecimento global.
Ao mesmo tempo em que se abre uma grande oportunidade para cooperação, está dada alargada para um anova competição por domínio tecnológico. Mantida sob controle, a disputa pode acelerar soluções inovadoras. Caso contrário, a geo- política deixará asp reocupações climáticas em segundo plano.