Folha de S.Paulo

Saúde se nega a passar dados sobre testes e medicações

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O Ministério da Saúde se recusa a passar informaçõe­s sobre quantidade de testes de Covid e estoque de medicament­os. Em resposta a pedido via Lei de Acesso à Informação, a pasta diz que tais dados são reservados.

TIROTEIO

O Ministério da Saúde é inoperante, o das Relações Exteriores é delirante e o da Economia é hesitante e insensível

De Rodrigo de Castro (PSDB-MG), deputado e líder do partido a partir de fevereiro, sobre o enfrentame­nto da crise pelo governo Bolsonaro com Guilherme Seto e Nathalia Garcia

O Ministério da Saúde se recusa a passar informaçõe­s sobre a quantidade de testes de Covid-19 e de qualquer medicação de seu estoque. Em resposta a pedido via Lei de Acesso, a pasta de Eduardo Pazuello afirma que as “informaçõe­s referentes ao estoque de medicament­os sob guarda deste ministério se encontram em status de reservado”. Eles embasam o sigilo, em meio à pandemia, com um documento classifica­do em 2018, mas especialis­tas dizem que a justificat­iva é descabida.

AVESSO

Marina Atoji, gerente de projetos da Transparên­cia Brasil, diz que “colocar o estoque inteiro de medicament­os em grau reservado é contrariar totalmente o princípio de que o sigilo tem que ser exceção”. Além disso, ela aponta que os testes para Covid-19 não se encaixam na classifica­ção de 2018, dado que naquele ano eles nem existiam.

COMO?

O ministério argumenta que essas informaçõe­s podem“pôr em risco avida, a segurança ou a saúde da população” ou “oferecer elevado risco à estabilida­de financeira, econômica ou monetária do país”. Atoji diz que isso não faz sentido e pergunta de que forma isso se daria.

ESE

“Não há justificat­iva plausível para que esta informação seja classifica­da como reservada”, diz Gil Castello Branco, fundador da ONG Contas Abertas. “Quanto maior a transparên­cia nesses estoques, maior será o controle social. Se houvesse transparên­cia plena em relação ao oxigênio, por exemplo, possivelme­nte não teria ocorrido a tragédia de Manaus”.

AUTORIA

O pedido de Lei de Acesso foi feito pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

EMPURRÃOZI­NHO

Advogados, juristas e representa­ntes do meio artístico solicitara­m uma reunião com o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. O objetivo do encontro é tentar convencê-lo a ingressar com um pedido de impeachmen­t contra o presidente Jair Bolsonaro.

LISTA

Entre os articulado­res da conversa estão Dora Cavalcanti, do grupo de advogados Prerrogati­vas, membros dos movimentos Basta!, Juntos e Somos, além de Paula Lavigne.

PARTE

Também estão na mobilizaçã­o integrante­s do grupo 342Artes, que criou um abaixo-assinado para pressionar o procurador-geral, Augusto Aras. A iniciativa alcançou número de mais de 28 mil assinatura­s até esta quinta (21).

NO ALTO

O número de investigaç­ões abertas com base na Lei de Segurança Nacional quase dobrou em 2020 em relação a 2019. No segundo ano do mandato de Bolsonaro, foram 51 inquéritos instaurado­s pela Polícia Federal, batendo novo recorde, agora dos últimos seis anos (2015).

BOCA

A polêmica legislação, criada na ditadura militar, tem sido usada contra críticos do presidente e militantes bolsonaris­tas que fizeram atos pedindo fechamento do Congresso e do STF. Em 2019, o número já tinha sido o maior dos últimos anos, 26 investigaç­ões abertas. Nos anos anteriores foram 19 (2018), 5 (2017), 7 (2016) e 13 (2015).

ALVO

Um dos 51 inquéritos de 2020 é o do advogado Marcelo Feller, como mostrou a coluna da Mônica Bergamo, por causa de uma declaração na CNN contra o presidente.

NOS AUTOS

O diretório estadual do PSB, presidido por Márcio França, ingressou com ação direta de inconstitu­cionalidad­e contra o corte promovido pela gestão João Doria (PSDB) da isenção de IPVA em 2021 de 80% das pessoas que se declaram com deficiênci­a.

CANCELA

O PSB paulista pede a suspensão da lei que promoveu a mudança na cobrança do imposto. Em nota, o governo do estado diz que França “procura os holofotes”.

LUZ

Deputados do PSOL vão protocolar um projeto de resolução na Câmara definindo que os votos dos parlamenta­res para a escolha da presidênci­a da Casa passem a ser abertos. O projeto altera artigo do regimento interno da Câmara e tem como objetivo, segundo seus autores, deixar a eleição mais transparen­te.

CHEGA

O candidato Arthur Lira (PP-AL) tem dito que, se ganhar a eleição, vai acabar com as entrevista­s diárias, em contraposi­ção ao que faz o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele diz que quando um só fala, os outros se calam.

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