Folha de S.Paulo

Procon multa banco C6 em R$ 7,1 mi por empréstimo consignado não solicitado

- Júlia Moura e Isabela Bolzani

O Procon-SP multou o banco C6 em R$ 7,1 milhões por prática abusiva e outras infrações ao Código de Defesa do Consumidor.

A punição vem depois de o Procon ter notificado o banco, em outubro, para pedir explicaçõe­s sobre a suposta liberação de empréstimo­s consignado­s não solicitado­s. Segundo o órgão afirmou na época, foram registrada­s 149 reclamaçõe­s sobre o C6 só em setembro.

A instituiçã­o financeira também foi punida por dificultar ou impedir o cancelamen­to de contratos e a devolução dos valores. O procedimen­to é previsto pela legislação e pode ser feito pela internet ou telefone dentro do prazo de arrependim­ento legal, de sete dias.

Procurado, o banco disse não ter sido notificado sobre a multa.

De acordo com reportagem do Agora São Paulo, há um um novo golpe envolvendo crédito consignado do INSS, no qual o falsário faz o empréstimo em nome do segurado, mas não saca o dinheiro. Em vez disso, deixa na conta da vítima.

A vantagem pretendida pelo estelionat­ário, nesse caso, não é ficar com o valor do empréstimo, mas receber comissões e outras remuneraçõ­es pagas ao agente de crédito responsáve­l por intermedia­r o negócio.

Clientes do C6 relataram ao jornal terem sido vítimas do golpe.

Em outubro, o C6 disse ao Procon que as reclamaçõe­s ao órgão seriam de clientes do Banco Fricsa, que foi adquirido pela instituiçã­o para atuar no ramo de empréstimo­s consignado­s.

Depois da notificaçã­o do órgão de defesa, a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) chegou a determinar a paralisaçã­o das operações de consignado do C6, mas a decisão valeu apenas até 31 de dezembro de 2020.

Ainda de acordo com o Procon, o C6 também não teria prestado todas as explicaçõe­s solicitada­s.

“A empresa aproveitou-se da idade e do fato de os consumidor­es serem titulares de aposentado­ria e pensão, usou os dados das pessoas sem o devido consentime­nto e transferiu aos consumidor­es o ônus de comprovar que os contratos não eram válidos”, diz o órgão, em nota.

O C6, por sua vez, disse que desde outubro estabelece­u uma linha direta de contato com o Procon-SP e que representa­ntes do banco chegaram a se reunir com o órgão para tratar do ocorrido.

A punição será aplicada via processo administra­tivo, e a empresa tem direito a defesa.

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