Samba de uma nota só, São Paulo precisa refinar sua ideia para reagir
Desde que o Campeonato Brasileiro de 2020 começou, a trajetória do São Paulo de Fernando Diniz é discutida, basicamente, pelo estilo. Para o bem e para o mal.
A ideia de jogo que levou a equipe a liderar a competição é também, na opinião de muitos, a escolha responsável pela perda da liderança do torneio na última quarta (20). São-paulinos cobram mudanças significativas na forma de jogar.
Os últimos jogos do time escancararam um problema: virou o samba de uma nota só. É preciso variar as notas, não necessariamente abandonar o samba.
Red Bull Bragantino e Internacional, que imprimiram vitórias contundentes sobre o clube do Morumbi, entenderam que o caminho era pressionar forte a saída de bola e superar o São Paulo no físico. Funcionou.
Em Bragança, Daniel Alves foi pressionado por trás e perdeu a bola na entrada da área. Roubada, passe entre os zagueiros, gol de Claudinho. Ter Daniel Alves de costas para os marcadores, pressionado, é a melhor alternativa para potencializar seu jogo?
Diferentemente de Bragantino e Inter, o Athletico não pressionou o São Paulo na saída. Mais retraídos, fecharam as linhas de passe, forçando o time de Diniz a uma posse estéril.
Sintomático que o São Paulo tenha feito duas de suas melhores apresentações na temporada contra fortes concorrentes ao título, como Flamengo e Atlético-MG. Times que, assim como o tricolor, querem a bola e são propositivos, mas que acabaram deixando espaços para o jogo do rival fluir. Os adversários recentes não deixaram, pois se prepararam para isso.
Não se trata de dizer que a equipe virou refém do próprio sucesso. Grandes times sabem se adaptar e é papel da comissão técnica tirar essa previsibilidade.
A reflexão não passa pela mudança radical do estilo, o mesmo que levou o clube até aqui, em condições de ser campeão. O desafio do São Paulo é justamente trabalhar a sua ideia. Refinar o samba, para que ele não tenha uma nota só.