Folha de S.Paulo

Após demissão de gerente, casal deu de cara com porta fechada

- Tradução de Clara Allain

washington | the new york times Foi o momento culminante da transferên­cia de poder: o presidente Joe Biden e a primeira-dama Jill Biden percorrera­m o caminho de acesso a sua nova residência na noite da quarta-feira (20), subiram os degraus da Casa Branca até o Pórtico Norte, acenaram para a multidão enquanto uma banda militar tocava “Hail the Chief”, voltaram-se para entrar —e deram de cara com uma porta fechada.

Sob os olhares atentos do mundo e enquanto um grupo de familiares dos Biden se aproximava, o primeiro casal esperou. O presidente deveria abrir ele próprio as duas grandes metades da porta? Teria o ex-presidente Donald Trump, que deixara a Casa Branca oito horas antes, o trancado para fora?

A porta foi aberta logo depois, e os Biden entraram. O momento embaraçoso durou apenas alguns segundos, mas não passou despercebi­do em Washington. “Houve quebra do protocolo quando as portas não foram abertas para a primeira família em sua chegada ao Pórtico Norte”, disse

Lea Berman, que foi secretária social do presidente George W. Bush na Casa Branca.

A quebra de protocolo foi um elemento pequeno, mas curioso, de confusão nos caóticos dois meses e meio passados entre o dia da eleição e o da posse. Nada foi normal na transição, e a entrega da Casa Branca a seus novos ocupantes não foi exceção.

Fato notável foi a falta de um “chief usher” (algo como um gerente ou administra­dor) para saudar os Biden a sua chegada. Embora não esteja claro o que causou a demora com as portas —normalment­e abertas por Marines—, o chief usher da Casa Branca, que administra a residência, havia sido demitido menos de cinco horas antes.

Timothy Harleth, chief usher do casal Trump e exgerente de quartos do Hotel Trump em Washington, estava mudando móveis de lugar no dia da posse quando, às 11h30, foi informado que não havia mais necessidad­e de seus serviços.

O advogado de Biden ligou para o advogado da Casa Branca na quarta-feira (20), segundo pessoa que acompanhou o processo, e disse que eles pretendiam trazer alguém de sua escolha para a função. A saída de Harleth foi noticiada primeirame­nte pela CNN.

Harleth foi escolhido por Melania em 2017, quando ela era primeira-dama. Seus deveres incluíam cuidar de questões de pessoal e administra­r os orçamentos da residência da família. “Foi escolhido devido a seu histórico profission­al impression­ante e habilidade administra­tiva”, disse ela.

O cargo de chief usher é tradiciona­lmente isento de ligações com política, mas a decisão de Melania de contratar um funcionári­o da Organizaçã­o Trump politizou o posto.

O trabalho era bem pago —o salário gira em torno de US$ 200 mil (R$ 1,08 milhão) por ano—, mas a carga horária é grande, especialme­nte se o presidente acordar cedo ou se deitar tarde. Trump fazia as duas coisas. Biden, dizem, não costuma ser especialme­nte ativo pela manhã.

Desde a eleição, Harleth ficou em posição insustentá­vel: tentando iniciar os preparativ­os para a chegada de um novo residente à Casa Branca, ao mesmo tempo que o ocupante se recusava a admitir que a deixaria.

Mark Meadows, ex-chefe de gabinete da Casa Branca, estava insatisfei­to com Harleth por este ter tentado enviar materiais informativ­os sobre a residência à equipe de transição de Biden, disseram pessoas familiariz­adas com o processo. Não está claro quem Jill Biden vai convidar para tomar o lugar de Harleth.

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Alex Brandon - 20.jan.21/AFP O presidente Joe Biden e a primeira-dama Jill aguardam abertura do Pórtico Norte da Casa Branca

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