Adesão a imunização dispara na Europa, indica levantamento
bruxelas A porcentagem de pessoas que querem se vacinar contra a Covid-19 cresceu até 20 pontos percentuais em dois meses nos principais países europeus, segundo pesquisa divulgada nesta sexta (22) pelo instituto britânico YouGov. Ao mesmo tempo em que aumenta o interesse em se imunizar, porém, faltam doses de vacina, o que já leva alguns governos a ameaçar processar os fabricantes.
A adesão cresceu nos oito países pesquisados pelo YouGov . Os maiores saltos foram na Suécia (21 pontos em dois meses) e no Reino Unido (20 pontos). Nos dois países, os que querem se vacinar ou já receberam ao imunizante são 66% e 81%, respectivamente.
A menor taxa continua sendo a da França: menos da metade (46%) se diz propensa a tomar o imunizante. Os franceses são a única população em que os interessados não são maioria (em novembro, as taxas também eram minoritárias entre alemães e suecos).
Embora bem abaixo da dos vizinhos, a porcentagem de adesão atual na França é a maior desde novembro e quase o dobro da de meados de dezembro, quando havia descido para apenas 24%.
Dentre os europeus, o Reino Unido é o país mais avançado na vacinação: a inoculação começou cerca de um mês antes que os vizinhos, e os britânicos já vacinaram 8% da população, o triplo da Espanha e o quádruplo da taxa alemã.
Londres já deu aval para uso de três imunizantes —Oxford/AstraZeneca, Pfizer/BioNTech e Moderna—, enquanto a União Europeia só aprovou as duas últimas, que têm logística de armazenamento e distribuição mais complexa e cara. A expectativa é a de que a EMA (agência regulatória da UE) aprove o produto da Oxford na próxima semana.
Além de ter começado mais tarde e ter aprovado menos vacinas até agora, a União Europeia tem sofrido atrasos por falta de imunizantes. Nesta semana, a vacinação chegou a ser interrompida em regiões da Alemanha, da Itália e da Espanha, depois que a Pfizer reduziu sua produção —de acordo com a empresa, o corte é temporário e tem como objetivo aumentar a capacidade de produção.
Na Itália, a média diária de injeções passou de 80 mil para 28 mil, e nas regiões mais afetadas os números caíram até 60%. O governo italiano diz ter sido informado pela Pfizer que deve haver redução também na próxima semana, de cerca de 20%. Em resposta, ameaça processar a fabricante.
A Polônia recebeu apenas metade das doses e fala em ir à Justiça contra o laboratório, por quebra no contrato de fornecimento, se o fluxo não voltar ao normal em fevereiro. Já a Hungria aprovou em caráter emergencial tanto a vacina de Oxford quanto a Sputnik V, produzida pela Rússia, e cogita aprovar também produtos fornecidos pela China, ainda que eles não tenham o aval da UE.
A escassez prejudica até mesmo países que fabricam as vacinas, como a Alemanha, onde fica a sede da BioNTech. No estado mais populoso, a Renânia do Norte-Vestfália, as injeções foram suspensas nesta semana em hospitais e asilos, e centros de vacinação de idosos ficarão fechados até fevereiro.
Acesso fácil e seguro aos imunizantes é uma das principais medidas para evitar a resistência da população às vacinas, segundo cientistas do comportamento que se dedicam a melhorar políticas de saúde pública.