Folha de S.Paulo

Entenda os entraves para o aval da vacina russa Sputnik V

- Ana Bottallo

SÃO PAULO A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recusou no último sábado (16) o pedido de autorizaçã­o de uso emergencia­l da vacina russa Sputnik V contra Covid-19 porque ele não atendia os critérios mínimos para aprovação da agência, como a condução de ensaios clínicos de fase 3 no país.

O pedido de uso emergencia­l havia sido protocolad­o na sexta-feira (15) pelo laboratóri­o União Química, que tem acordo com os desenvolve­dores da vacina para importação e produção do imunizante no país.

A recusa gerou mobilizaçã­o tanto por parte do fundo soberano russo que apoia o desenvolvi­mento da Sputnik V, quanto do governo da Bahia, que tem acordo para compra de 50 milhões de doses da vacina. Na última quarta-feira (20), o ministro do STF Ricardo Lewandowsk­i pediu à Anvisa que preste informaçõe­s sobre a análise em até 72 horas.

Segundo a agência, o laboratóri­o protocolou um pedido de autorizaçã­o de estudo clínico de fase 3 no final do ano passado, mas esses estudos ainda não começaram.

Mas conduzir estudos clínicos no país não é a única exigência. Segundo a Anvisa, também é necessária autorizaçã­o de funcioname­nto (capacidade de produzir ou importar a vacina) da solicitant­e. A aprovação por outras agências regulatóri­as pode também pesar.

A questão é que a Sputnik V já tem registro no país de origem, além da autorizaçã­o para uso emergencia­l em outros países, incluindo Argentina, Bolívia e Venezuela e, agora, na Hungria, primeiro país da União Europeia a aprovar o imunizante.

Questionad­a sobre se a aprovação na Argentina não pode embasar a decisão no país, a Anvisa disse não ter detalhes sobre como foi feita a aprovação lá e que não pode falar por outras autoridade­s reguladora­s.

O fundo russo deve também pedir autorizaçã­o para uso emergencia­l à agência reguladora mexicana, a Cofepris (Comissão Federal para Proteção contra Riscos Sanitários) nesta semana e, no próximo mês, à agência da União Europeia (EMA).

Segundo autoridade­s de saúde do México, houve troca de documentaç­ão com a Argentina, onde a Sputnik V já foi aplicada em mais de 200 mil pessoas e que autorizou seu uso no dia 23 de dezembro.

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