Folha de S.Paulo

Bolsonaro perde de Doria em avaliação da pandemia

Para 46% dos brasileiro­s, atuação do governador foi melhor, aponta Datafolha

- Igor Gielow

Pesquisa feita pelo Datafolha, nos dias 20 e 21 de janeiro, mostra que 46% dos brasileiro­s consideram que o governador de São Paulo João Doria (PSDB) fez mais contra a pandemia de Covid-19 do que Jair Bolsonaro. A fatia dos que avaliam a atuação do presidente como superior ficou em 28%.

A faixa dos que não souberam dizer qual dos políticos rivais trabalhou mais contra o novo coronavíru­s é de 13%, enquanto 11% respondera­m que nenhum deles o fez e 2%, que ambos combateram a crise. O resultado vem após a vitória política de Doria sobre Bolsonaro na corrida pela vacinação.

Com um discurso pró-ciência desde o início da pandemia, contrapond­o-se ao negacionis­mo de Bolsonaro, o governador de São Paulo conseguiu ser o responsáve­l pela aplicação da primeira vacina no país.

O desempenho de Doria sobe entre os que dizem ter “muito medo” do vírus.

Há um empate de percepção entre os mais ricos, que ganham acima de dez salários mínimos: a atuação de Doria é considerad­a melhor para 41%, ante 37% dos que citam Bolsonaro.

são paulo Para 46% dos brasileiro­s, o governador João Doria (PSDB-SP) fez mais contra a pandemia da Covid-19 do que Jair Bolsonaro (sem partido). Já 28% apontam o presidente como político mais empenhado na tarefa do que o tucano.

Os números foram aferidos pelo Datafolha em pesquisa nacional realizada nos dias 20 e 21 de janeiro. Foram ouvidas, por telefone, 2.030 pessoas, e a margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

Não souberam dizer qual dos políticos rivais trabalhou mais contra o novo coronavíru­s 13%, enquanto 11% disseram que nenhum deles o fez e 2%, que ambos combateram a crise.

O resultado vem após a vitória política de Doria sobre Bolsonaro na corrida pela vacinação no Brasil. Defensor de uma abordagem científica da crise desde o começo, o tucano se antagonizo­u ao negacionis­mo esposado pelo presidente.

O episódio mais recente do embate entre os dois prováveis adversário­s na disputa pelo Planalto em 2022 foi a dita guerra das vacinas. Doria, de posse estadual do imunizante de origem chinesa Coronavac, forçou o governo federal a se mexer ao lançar um plano local de vacinação.

Ao fim, apesar de Bolsonaro dizer que não compraria a “vacina chinesa do Doria”, ela foi a única disponível no Brasil para começar a campanha de imunização na semana passada. Até a foto da primeira pessoa vacinada o tucano assegurou para seu governo.

Doria já disse que a Coronavac e a postura proativa em relação à crise seriam ativos eleitorais e previu que o imunizante poderia nacionaliz­ar seu nome.

Na pesquisa, há homogeneid­ade nas regiões do país em relação à avaliação sobre Doria. Ela sobe entre aqueles que se dizem com “muito medo” do vírus, para 57% a 19%. No sentido contrário, que diz não temer o Sars-CoV-2 diz que Bolsonaro trabalhou mais contra a crise (46%) do que o paulista (24%).

Na mesma linha, quem afirma viver uma vida normal na pandemia acha que Bolsonaro (46%) está à frente de Doria (28%). A curva se inverte nas categorias seguintes: quem toma cuidados (45% em favor do tucano ante 31% do presidente), quem só sai de casa na necessidad­e (50% a 20%) e quem está isolado (57% a 22%).

Há um empate de percepção entre os mais ricos, que ganham mais de 10 salários mínimos mensais. Neste grupo, Doria vai melhor para 41%, ante 37% de Bolsonaro.

No geral, o manejo da crise pelo presidente é mal avaliado, embora a população não o culpe diretament­e pelas mortes pela Covid-19.

Em relação à pesquisa anterior, em 8 e 10 de dezembro, subiu de 42% para 48% o índice dos que acham o desempenho de Bolsonaro ruim ou péssimo no setor. Sua rejeição geral, no mesmo período, subiu de 32% para 40%.

Aprovam o trabalho do titular do Planalto 26%, empate técnico com o dado de dezembro, 30%. Quem o acha regular oscilou de 27% para 25%.

Não o consideram culpado pelas quase 210 mil mortes no país pela Covid-19 47% dos entrevista­dos, ante 52%

em dezembro. Acham que Bolsonaro é um dos culpados, mas não o principal, 39% (eram 38% antes). E apontam o dedo acusador conto único responsáve­l pelos óbitos 11% (antes eram 8%).

Bolsonaro é mais bem avaliado na gestão da crise por quem tem de 45 a 49 anos e os mais ricos, 33% de ótimo e bom. É pior visto entre quem tem curso superior, com 57% de ruim ou péssimo.

O grupo que mais o exime de culpa por mortes é o daqueles que dizem não temer o vírus, com 75% compartilh­ando tal opinião. Também o veem como isento os moradores do Sul (53%) e os menos instruídos (56%).

O desempenho geral de governador­es também foi objeto do Datafolha. Depois de um teto de 58% de aprovação em abril, o número está estabiliza­do em 42%, ante 41% em dezembro. O ruim/péssimo foi de 30% para 26% e o regular, de 28% para 30%.

Em termos regionais, o Sudeste é o mais insatisfei­to (34% de ótimo/bom), enquanto moradores do Norte/ Centro-Oeste (45%), Nordeste (47%) e Sul (54%) aprovam seu governante­s.

O desempenho do Ministério da Saúde, alvo de intensas polêmicas ao longo da pandemia, é aprovado por 35% e reprovado por 30%.

A pasta teve seu pico de ótimo e bom em abril, antes da queda do ministro Luiz Henrique Mandetta por não concordar com a orientação negacionis­ta de Bolsonaro —76% de aprovação.

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Reprodução Nara Leão e o filho, Francisco, em 1973
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Wagner Pires/Futura Press/Folhapress Sem máscara, o presidente Jair Bolsonaro passeia de moto por Brasília neste domingo (24)

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