Folha de S.Paulo

Planalto manda Pazuello a Manaus sem voo de volta

- Gustavo Uribe

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, desembarco­u no sábado (23) em Manaus, sem data para voltar. A viagem foi sugerida pelo Planalto após o procurador-geral da República pedir ao STF abertura de inquérito para apurar a conduta do ministro.

brasília Sob pressão para deixar o cargo, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, desembarco­u na noite de sábado (23) em Manaus, cidade que enfrenta um colapso de saúde por causa da epidemia do coronavíru­s. Segundo relatos feitos à Folha, a viagem foi sugerida pelo Palácio do Planalto, que tenta diminuir o desgaste de imagem do ministro.

O objetivo é também rebater discurso dos partidos de oposição de que o Poder Executivo não tem atuado de maneira efetiva no combate à doença.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que o ministro “não tem voo de volta a Brasília” e que “ficará no Amazonas o tempo que for necessário”.

No sábado (23), a Procurador­ia-Geral da República solicitou ao STF (Supremo Tribunal Federal), abertura de inquérito para apurar a conduta do ministro em relação à crise enfrentada em Manaus.

O pedido aumentou a pressão, sobretudo entre integrante­s da cúpula militar, para que Pazuello deixe o comando da Saúde para não prejudicar a imagem das Forças Armadas.

Apesar de estar incomodado com a postura do ministro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem dito que, por enquanto, não pretende trocar Pazuello

O presidente escalou o ministro das Comunicaçõ­es, Fábio Faria, para comandar um plano de reação ao desgaste, o que inclui a divulgação de balanços sobre iniciativa­s capitanead­as pelo governo contra a pandemia.

Segundo a Saúde, Pazuello transporto­u a Manaus 132,5 mil doses da vacina AstraZenec­a para o plano de imunização no Amazonas. “A meta é imunizar 1,5 milhão de pessoas no estado até o final do ano, mas a expectativ­a do governo do Amazonas é que a meta seja cumprida ainda no primeiro trimestre”, afirmou.

Na nota à imprensa, a pasta faz questão de salientar que a Saúde “está cumprindo sua determinaç­ão de dar prioridade ao Amazonas na imunização”.

No pedido feito ao STF, o procurador-geral da República, Augusto Aras, ressalta que, em relação à crise enfrentada por Manaus, Pazuello tem “dever legal e possibilid­ade de agir para mitigar os resultados”.

Ele diz ainda que eventual omissão seria passível de responsabi­lização cível, administra­tiva ou criminal.

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