Folha de S.Paulo

Rondônia registra colapso e transfere doentes com Covid

- Carlos Madeiro

O governo de Rondônia anunciou que vai transferir para outros estados pacientes que estão em fila de espera para tratamento de Covid-19. Além de leitos, faltam médicos. O número de infectados nas últimas três semanas saltou de 270 para 1.422.

manaus/uol O governador de Rondônia, Marcos Rocha (PSL), anunciou em pronunciam­ento sábado (23) à noite que chegou a um acordo com o governo federal para transferir pacientes que estão em fila de espera para tratamento da Covid-19. Sem vagas para mais atendiment­os, ele fez ainda um apelo para que médicos vão até o estado ajudar as equipes de saúde.

“Temos equipes, mas tem uma profissão que faz grande falta: os médicos, aqueles que vão comandar essas equipes. Eu faço um apelo ao senhor doutor, a senhora doutor que, por favor, venha nos ajudar, ajudar os rondoniens­es porque nós temos os leitos, mas está faltando o senhor e a senhora para ajudar os demais integrante­s da equipe de saúde”, afirmou.

Segundo Rocha, um contato feito ontem com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, garantiu que o governo federal deve transferir pacientes e ajudar a desafogar a rede de saúde sem vagas para novos pacientes. No sábado, 543 pessoas estavam internadas tratando a doença em hospitais de Rondônia.

“Passamos o dia em contato com o governo federal, com o general Pazuello, e ele de pronto disse que iria atender o nosso pedido e de fazer a transferên­cia dos pacientes que estão na fila de espera e quantos mais forem necessário­s para outros hospitais federais do nosso país”, disse.

As transferên­cias serão realizadas por aeronaves e a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) irá se encarregar dos trâmites necessário­s para o início do processo. O estado enfrenta um aumento sem precedente­s no número de casos confirmado­s, que mais que quintuplic­ou em apenas três semanas: em 1º de janeiro foram confirmado­s 270 casos, e na sexta foram 1.422. No sábado, o estado confirmou mais 933 casos e 12 mortes.

Diante do cenário, o governador fez um apelo para que a população não faça festas e aglomeraçõ­es. “Eu tive essa doença, sei como ela é ruim. Eu perdi amigos, perdi ontem, inclusive, um grande amigo. Não podemos permitir que essa doença se amplie. Então, rondoniens­es, vamos manter a união de não disseminar­mos esse vírus maldito que tem dilacerado famílias. Esse vírus não escolhe rico ou pobre; homem ou mulher; preto ou branco”, diz.

Ontem, o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), disse que o sistema de saúde da capital e do estado de Rondônia estão em colapso. A suspeita é que a nova variante com origem no estado vizinho, o Amazonas, seja responsáve­l pela explosão de casos.

“A situação hoje é muito mais grave daquela que tivemos no auge da pandemia em junho e julho. Provavelme­nte viveremos uma situação parecida com a que vimos no Amazonas.”

Segundo o prefeito, assim como relataram médicos ao UOL, os casos atuais que chegam de Covid-19 estão com maior gravidade e com avanço muito mais rápido que visto na primeira onda.

“Nós não temos a confirmaçã­o científica ainda [que a nova cepa de origem do Amazonas] está circulando aqui, mas a probabilid­ade e os sintomas hoje são muito parecidos: há um agravament­o muito rápido; o que antes levava uma semana a dez dias hoje está em coisa de três, quatro dias.”

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