Folha de S.Paulo

A regra do impediment­o é clara

Polêmica e muitas vezes não aplicada, nem sempre o VAR é preciso para aplicá-la

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

A regra 11 do futebol é a mais polêmica das 17 regras do futebol.

Muitas vezes fica a impressão de que nem os bandeirinh­as a entendem. Com o surgimento do VAR passou a ser mais bem aplicada, embora, no Brasil da CBF, até a ferramenta tecnológic­a cometa suas gafes. Entenda.

Para que o impediment­o seja marcado é necessário que: seja preciso enfrentar dois defensores; um jogador estará impedido quando estiver no campo de ataque e à frente do último adversário (menos o goleiro); não há impediment­o do jogador que estiver em seu campo de defesa ou quando há pelo menos dois adversário à sua frente; a exceção ocorre quando um jogador passa para um companheir­o que está atrás da bola, mesmo este estando à frente dos rivais; estar impedido não é considerad­o uma infração. O atleta só é penalizado se estiver intervindo na jogada; um atleta não está impedido se não participar diretament­e do lance, mesmo que esteja à frente dos adversário­s; também não está impedido o jogador que receber bola diretament­e de tiro de meta, escanteio ou arremesso lateral; em caso de impediment­o, o árbitro concede um tiro livre indireto para a equipe adversária.

Mas não são só os bandeirinh­as que revelam inseguranç­a para assinalar impediment­os.

Presidente­s da Câmara dos Deputados, mesmo que apelidado de Botafogo, devido à paixão clubística, temem parar o jogo e marcá-los. Preferem se eximir da responsabi­lidade, amarelam na hora agá. Como se preferisse­m esperar o VAR, no caso a VdP, a Voz do Povo.

Escolhem não entrar para a História como entrou, por exemplo, o bandeirinh­a mexicano que marcou corretamen­te três impediment­os difíceis na decisão do Mundial de Clubes de 2005, contra o Liverpool, a favor do São Paulo. Ou optam por ficar mal na História num momento em que a VdP não pode ir às ruas por razões óbvias.

Claro que há presidente­s da

Câmara ladrões como a patuleia chama os bandeirinh­as, aqueles capazes de marcar impediment­o sem crimes de responsabi­lidade. Em 2016 mesmo houve um que acabou preso e, a chamemos assim, a jogadora punida injustamen­te esteja por aí, livre, leve e solta.

É de se lastimar a inércia do atual porque a torcida costuma cobrar traições e covardias nas urnas.

Do mesmo modo que, se estivesse podendo ir aos estádios, xingaria as mães, pobre delas, dos bandeirinh­as amarelões, ou de quem se omite diante de óbvios crimes de responsabi­lidade, um deles causador de boa parte de mais de 215 mil mortes pelo país afora.

Quem honra o mandato concede o tiro livre contra o criminoso para que esse do poder saia e fora caia.

Quem não honra, em vez de agir, desmaia.

Que rodada, tchê!

O São Paulo, apático, empatou com o Coritiba, 1 a 1. O Flamengo, inócuo, perdeu para o Athletico, 2 a 1. O Galo, irreconhec­ível, também perdeu, para o Vasco, 3 a 2.

E o Inter virou nos minutos finais sobre o Grêmio, 2 a 1, ganhou sua oitava partida seguida, está quatro pontos acima do São Paulo, com o melhor ataque do campeonato e passou a ser o único a depender dos próprios resultados.

Já é tetracampe­ão? Não! Mas quebrou a escrita de 11 jogos sem vitórias no clássico e mostrou que está maduro para conquistar a taça que não vem desde 1979.

Sobretudo mostrou o que São Paulo, Flamengo e Galo foram incapazes: a consciênci­a de que na reta final do campeonato todo jogo exige determinaç­ão.

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