Ex-Corinthians, Claudinho explodiu no RB Bragantino
Vice-artilheiro do Brasileiro foi emprestado para vários clubes até se firmar
CORINTHIANS BRAGANTINO
20h, Neo Química Arena Na TV: Premiere são paulo Vice-artilheiro do Brasileiro, com 15 gols (um a menos do que Marinho, do Santos, e Thiago Galhardo, do Inter), Claudinho foi sondado por Renato Gaúcho, durante a partida entre Grêmio e Red Bull Bragantino, em novembro. O treinador confirmou o interesse no jogador.
Há também a possibilidade de ele se transferir para o RB Leipzig (ALE), time mais expressivo entre os tentáculos da multinacional de bebidas. O Al Ittihad disse estar disposto a pagar 10 milhões de euros (pouco mais de R$ 66 milhões) para levá-lo à Arábia Saudita.
A explosão na carreira do meia de 23 anos demorou para acontecer. De 2016 a 2018, ele foi emprestado pelo Corinthians para o Bragantino, Santo André, Ponte Preta e Oeste.
“Você fica um pouco triste porque está em um time grande e espera receber a chance, não sair por empréstimo. Mas não tem de abaixar a cabeça e se frustrar. Passei por esses clubes e ganhei experiência. Aprendi”, afirma.
Mais do que os gols, Claudinho se transformou em um dos jogadores mais decisivos do Brasileiro. Algo que poderia ter acontecido com a camisa do Corinthians, adversário do Bragantino nesta segundafeira (25), às 20h, na Neo Química Arena, em São Paulo.
Pelo clube do Parque São Jorge, porém, atuou por apenas cinco minutos, contra o Linense, pelo Paulista de 2016.
“Eu criei um pouco de expectativa [de ser mais aproveitado no Corinthians]. O time tinha acabado de ser campeão [Brasileiro de 2015]. O Tite e a comissão técnica gostavam de mim. Joguei só cinco minutos, mas fui bem. Mas não era para ser, paciência”, diz.
O Corinthians não foi seu primeiro clube grande. Descoberto com cinco anos, ao jogar bola nas ruas da periferia de São Vicente (SP), foi levado para o futsal do Santos. Ficou no clube até os 18 e afirma que nunca desejou sair.
Claudinho deixou a Vila Belmiro em 2015 porque a diretoria permitiu que seu contrato terminasse e, quando ofereceu renovação, propôs o mesmo salário de antes.
“Eu me considero um Menino da Vila. Eu nunca desejei deixar o Santos. Queria subir para o profissional. Fiz toda a base lá, foi onde cresci. Era fã dos jogadores do time”, lembra o armador, que tem Robinho como ídolo.
A chance que faltou no Santos e no Corinthians e a estabilidade que não encontrou nos empréstimos foram dadas a partir de 2019, quando a Red Bull assumiu o Bragantino. Com nove gols, ele foi vice-artilheiro do time e um dos protagonistas na campanha do título da Série B.
Com a melhor campanha na fase de grupos, a equipe chegou às quartas de final do Paulista de 2020 para enfrentar o Corinthians. A preparação foi atrapalhada por erro do Hospital Albert Einstein, que fez o clube acreditar ter 26 casos de Covid-19, sendo nove jogadores. Estes tiveram de ir para a capital horas antes da partida e só chegaram ao Morumbi a poucos minutos do jogo. O Corinthians venceu por 2 a 0.
“Não posso dizer que o resultado seria diferente, mas ficou cansativo para os jogadores que tiveram de fazer o exame de novo. Passaram o dia inteiro no hospital, alguns não dormiram direito. Atrapalhou a nossa preparação”, diz.
Claudinho entrou no Brasileiro da Série A como a principal referência de um time que tinha como projeto terminar na zona de classificação para a Copa Sul-Americana. Nem tudo foram flores.
O técnico Felipe Conceição o colocou no banco de reservas em vários jogos. O Red Bull Bragantino, que imaginava a segurança de uma posição intermediária, entrou na zona de rebaixamento.
“Eu não entendi. Ninguém do clube, da minha família ou os meus empresários entenderam muito bem o que o treinador que estava aqui pensava. Mas eu sabia que uma hora ou outra [a posição de titular] ia cair no meu colo. Era má gestão, o time não estava encaixando e quem estava comandando não geriu bem o clube”, analisa.
Sua previsão se concretizou. Com a chegada de Maurício Barbieri, a vaga caiu no seu colo. E ele não olhou mais para trás. Nas últimas dez rodadas, anotou sete gols. Seus 15 marcados já representam a melhor marca individual de um jogador na história do Bragantino no Brasileiro.
A equipe iniciou a 32º rodada na 11ª posição, dentro da zona de classificação para a Sul-Americana.
Para quem começou a sonhar com o futebol aos 5, aos 23 tudo parece começar a dar certo. E quando Claudinho se sente bem, o som do funk ou do trap (vertente do rap) de cantores que são seus amigos ecoa no vestiário do Red Bull. Vários deles costumavam visitá-lo (na fase pré-pandemia) na concentração do clube.
“Tenho certeza que vou chegar a lugares extraordinários. Coloco tudo isso na mão de Deus. Quando eu era criança, meu pai saía para trabalhar e conseguir pagar o aluguel, comprar arroz, feijão e de vez em quando uma mistura. Percebi que, se conseguisse virar atleta, iria tirá-los daquele sufoco”, afirma.
O meia mora em Bragança Paulista com os pais Rodrigo e Lúcia, 41, e a irmã Rayane, 18.