Confiar na economia é central para superar crise, diz Davos
Presidente do Fórum Econômico defende reforço a corporações globais
são paulo O ano de 2021 será crucial para se pensar um futuro com sociedades e economias mais resilientes, inclusivas e sustentáveis, disse neste domingo (24) Klaus Schwab, fundador e presidente-executivo do Fórum Econômico Mundial, na cerimônia de abertura do encontro anual que tradicionalmente ocorre em Davos, na Suíça.
“O primeiro passo é restaurar a confiança e, para isso, precisamos reforçar as corporações globais. Em segundo lugar, precisamos ter a certeza de que todo o mundo está contribuindo em dar forma a um futuro mais positivo. Governos, negócios, sociedade civil e também a nova geração”, afirmou.
A semana de conferências deste ano será virtual devido à pandemia. O evento, sempre sob o inverno do resort de esqui suíço, foi substituído por uma programação online chamada Agenda Davos 2021. As sessões começam nesta segunda-feira (25).
Nos próximos cinco dias de discussões, os 1.200 líderes de empresas, governos e sociedades civis deverão debater cinco eixos principais de políticas consideradas prioritárias para o Fórum.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não será um desses líderes. Do Brasil participarão o vice-presidente Hamilton Mourão e os ministros Tereza Cristina (Agricultura), Paulo Guedes (Economia) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também estará em uma sessão.
Segundo Schwab, a necessidade de desenhar sistemas econômicos e sociais mais justos é uma das prioridades.
“A chave aqui é tomar conta das almas que estão sofrendo em consequência da Covid. Temos que criar empregos decentes e suficientes para todos se queremos ter uma sociedade mais inclusiva.”
O criador do Fórum destacou também o “stakeholder capitalism”, termo que, em tradução livre, significa capitalista de acionistas, mas que vem sendo associado à necessidade de as empresas se preocuparem mais com os impactos de cadeia que seus negócios movimentam.
Esse comportamento, disse, permitirá uma transformação responsável da indústria. As políticas prioritárias incluem a criação de um novo sistema multilateral de cooperação, que, segundo Schwab, seja justo e considere as necessidades do século 21.
O conjunto de temas a serem debatidos nesta semana vão tratar do uso da tecnologia e da urgência na redução das emissões de carbono.
Para Schwab, as discussões da Agenda Davos deverão provocar mudanças reais. Na reunião anual —que ficou para maio, em Singapura— será possível, disse ele, mostrar soluções concretas.
Ao encerrar seu discurso de abertura, disse que o Fórum voltará a Davos em breve.
Guy Parmelin, presidente da Confederação Suíça, afirmou que não poder sediar a reunião deste ano foi um grande desapontamento. Um retorno a Davos em 2022, disse ele, será um sinal forte de que a crise da Covid ficou no passado.
Para o político suíço, é preciso que as sociedades olhem para frente e se preparem para o pós- pandemia, ainda que o momento seja de luto.
Parmelin destacou a importância das vacinas contra o coronavírus. “A rapidez e eficácia do desenvolvimento da vacina mostra o que governos, empresas e comunidade científica são capazes quando juntam forças.”
Na abertura da Agenda Davos foi entregue o 27º Prêmio Crystal, dado a artistas e líderes da área cultural considerados excepcionais.
O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado foi premiado por seu trabalho em documentar e provocar debates sobre a condição humana em contextos de desigualdade e sustentabilidade.
O outro premiado foi o arquiteto ganense-britânico David Adjaye OBE.