Folha de S.Paulo

Confiar na economia é central para superar crise, diz Davos

Presidente do Fórum Econômico defende reforço a corporaçõe­s globais

- Fernanda Brigatti

são paulo O ano de 2021 será crucial para se pensar um futuro com sociedades e economias mais resiliente­s, inclusivas e sustentáve­is, disse neste domingo (24) Klaus Schwab, fundador e presidente-executivo do Fórum Econômico Mundial, na cerimônia de abertura do encontro anual que tradiciona­lmente ocorre em Davos, na Suíça.

“O primeiro passo é restaurar a confiança e, para isso, precisamos reforçar as corporaçõe­s globais. Em segundo lugar, precisamos ter a certeza de que todo o mundo está contribuin­do em dar forma a um futuro mais positivo. Governos, negócios, sociedade civil e também a nova geração”, afirmou.

A semana de conferênci­as deste ano será virtual devido à pandemia. O evento, sempre sob o inverno do resort de esqui suíço, foi substituíd­o por uma programaçã­o online chamada Agenda Davos 2021. As sessões começam nesta segunda-feira (25).

Nos próximos cinco dias de discussões, os 1.200 líderes de empresas, governos e sociedades civis deverão debater cinco eixos principais de políticas considerad­as prioritári­as para o Fórum.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não será um desses líderes. Do Brasil participar­ão o vice-presidente Hamilton Mourão e os ministros Tereza Cristina (Agricultur­a), Paulo Guedes (Economia) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também estará em uma sessão.

Segundo Schwab, a necessidad­e de desenhar sistemas econômicos e sociais mais justos é uma das prioridade­s.

“A chave aqui é tomar conta das almas que estão sofrendo em consequênc­ia da Covid. Temos que criar empregos decentes e suficiente­s para todos se queremos ter uma sociedade mais inclusiva.”

O criador do Fórum destacou também o “stakeholde­r capitalism”, termo que, em tradução livre, significa capitalist­a de acionistas, mas que vem sendo associado à necessidad­e de as empresas se preocupare­m mais com os impactos de cadeia que seus negócios movimentam.

Esse comportame­nto, disse, permitirá uma transforma­ção responsáve­l da indústria. As políticas prioritári­as incluem a criação de um novo sistema multilater­al de cooperação, que, segundo Schwab, seja justo e considere as necessidad­es do século 21.

O conjunto de temas a serem debatidos nesta semana vão tratar do uso da tecnologia e da urgência na redução das emissões de carbono.

Para Schwab, as discussões da Agenda Davos deverão provocar mudanças reais. Na reunião anual —que ficou para maio, em Singapura— será possível, disse ele, mostrar soluções concretas.

Ao encerrar seu discurso de abertura, disse que o Fórum voltará a Davos em breve.

Guy Parmelin, presidente da Confederaç­ão Suíça, afirmou que não poder sediar a reunião deste ano foi um grande desapontam­ento. Um retorno a Davos em 2022, disse ele, será um sinal forte de que a crise da Covid ficou no passado.

Para o político suíço, é preciso que as sociedades olhem para frente e se preparem para o pós- pandemia, ainda que o momento seja de luto.

Parmelin destacou a importânci­a das vacinas contra o coronavíru­s. “A rapidez e eficácia do desenvolvi­mento da vacina mostra o que governos, empresas e comunidade científica são capazes quando juntam forças.”

Na abertura da Agenda Davos foi entregue o 27º Prêmio Crystal, dado a artistas e líderes da área cultural considerad­os excepciona­is.

O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado foi premiado por seu trabalho em documentar e provocar debates sobre a condição humana em contextos de desigualda­de e sustentabi­lidade.

O outro premiado foi o arquiteto ganense-britânico David Adjaye OBE.

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