Folha de S.Paulo

Milton Ribeiro afirma responder a inquérito por defender a Bíblia

Milton Ribeiro aproveitou ida a Santos, onde acompanhou o Enem, no domingo, para fazer um culto na igreja em que atua como pastor

- Isabela Palhares

“Meu coração está tranquilo porque não fui chamado no STF para responder por desvio de dinheiro ou corrupção, mas porque eu disse o que a Bíblia diz Milton Ribeiro ministro da Educação

são paulo Em um culto neste domingo (24), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse não ter “vergonha de pregar o Evangelho” a qualquer momento e que, por defender o que a Bíblia diz, responde a um inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal).

“A Bíblia diz que chegaria um momento em que as pessoas confundiri­am o certo e o errado. O inquérito que eu enfrento no STF tem a ver com isso, com algo que Jesus não teve receio de dizer que não é o caminho certo”, disse o reverendo Milton, como é chamado pelos fiéis da Igreja Jardim de Oração, em Santos (SP).

“Meu coração está tranquilo porque não fui chamado no STF para responder por desvio de dinheiro ou corrupção, mas porque eu disse o que a Bíblia diz”, completou, afirmando que estava só “fazendo um desabafo” com sua igreja.

Ribeiro foi denunciado pela PGR (Procurador­ia Geral da República) por homofobia. Em setembro, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o pastor evangélico disse que a homossexua­lidade não seria normal e atribuiu sua ocorrência a “famílias desajustad­as”.

O ministro foi a Santos na tarde de domingo em avião da FAB para visitar uma escola que teve aplicação das provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), depois aproveitou para ministrar o culto na igreja onde é pastor-titular desde 1992.

Neste domingo, o Enem registrou a maior taxa de abstenção da história, com mais de 55% dos candidatos ausentes. Em visita a uma escola na capital paulista,disse que o recorde de ausentes no exame era “compreensí­vel” diante da pandemia. Ainda assim, ele considerou a realização da prova como um “sucesso”.

Questionad­o sobre as medidas de segurança da prova ou sobre candidatos barrados no 1º domingo de provas do Enem por superlotaç­ão de salas, disse não ter respostas, já que, segundo afirmou, a organizaçã­o do exame não é responsabi­lidade direta de seu ministério.

Ribeiro, há cinco meses à frente do MEC, diz que ainda está “entendendo seu funcioname­nto”. No culto, falando a seus fiéis, disse que seu papel como ministro é “mais espiritual do que político” porque o governo Jair Bolsonaro (sem partido) quer tirar o Brasil do “rumo do desastre”.

“Vivemos um tempo diferente por isso quero crer que até mesmo no inferno se levantam forças contra nós”, disse o ministro, que logo em seguida falou sobre o inquérito no STF.

Assim como o próprio Bolsonaro e outros ministros da equipe fizeram em outras ocasiões, Ribeiro questionou, em tom de desabafo, as motivações do Supremo para apurar sua conduta. Seu antecessor, o ex-ministro Abraham Weintraub chegou a chamar os ministros da corte de “vagabundos” e disse que deveriam ir para a cadeia.

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