Folha de S.Paulo

Joe Biden telefona, mas Angela Merkel ‘fica do lado de Xi Jinping’

- Nelson de Sá nelson.sa@grupofolha.com.br

Após ligar para os governante­s de Canadá, México, Reino Unido e França e antes de falar com o da Rússia, Joe Biden telefonou para Angela Merkel. Em seguida, a líder alemã falou ao Fórum Econômico.

Os maiores jornais dos EUA não noticiaram, mas o site Politico chamou para “Merkel fica do lado de Xi contra blocos de Guerra Fria”. Dela:

“Eu gostaria muito de evitar a construção de blocos. Dizer ‘estes são os EUA e ali está a China e estamos nos agrupando em torno de um ou outro’.

Não é meu entendimen­to de como as coisas devem ser.”

A ligação e o discurso foram manchete na Alemanha, com o Süddeutsch­e Zeitung, por exemplo, sublinhand­o as diferenças relativas ao gasoduto Nord Stream 2, quase pronto para levar gás russo à União Europeia. Biden é contra.

O governo Trump, no final, com apoio democrata, impôs sanções ao gasoduto. Merkel e a UE não se abalaram e, um dia antes de Biden ligar, as obras foram retomadas, segundo o financeiro Handelsbla­tt.

VENENO Primeiro, a americana Pfizer reduziu a entrega de sua vacina à União Europeia, mas não aos EUA. Depois a britânica AstraZenec­a avisou que reduziria também, mas não ao Reino Unido. E jornais alemães, como Süddeutsch­e e Frankfurte­r Algemeine, manchetara­m a “grave suspeita”, que “envenena relações”, de ser obra do primeiro-ministro Boris Johnson.

VENENO 2 O editor-chefe do chinês Global Times, Hu Xijing, comentou, sobre Pfizer, AstraZenec­a e UE, que “vacinas produzidas nos EUA têm que ser distribuíd­as de acordo com os interesses nacionais dos EUA”. E que “o Reino

Unido apoia e coordena com os EUA ao fazer isso”.

d10 faz água O Wall Street Journal cobriu e destacou o discurso de Xi Jinping no Forum Econômico, antes de Merkel. Enfatizou que ele se declarou contra “erguer pequenos círculos” para uma nova Guerra Fria, referência ao esforço de Biden de juntar aliados contra Pequim. Esforço que foi delegado a Boris Johnson, que tenta tornar a reunião do G7, em junho, um esboço de um D10, juntando dez democracia­s contra a China. Mas Bloomberg, Handelsbla­tt e outros vêm noticiando que a maior parte do G7, inclusive Japão e Alemanha, não quer.

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