Folha de S.Paulo

Usuários nostálgico­s voltam ao ICQ após mudanças no WhatsApp

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HONG KONG | the wall street journal Usuários do WhatsApp que se preocupam com a alteração nas regras da empresa quanto à privacidad­e de dados estão migrando para apps de mensagens concorrent­es como o Signal e o Telegram.

Em Hong Kong, alguns estão escolhendo uma alternativ­a que os faz recordar a infância —uma era anterior aos algoritmos, big tech e desinforma­ção viral.

O ICQ foi um serviço pioneiro de mensagens na internet, na metade da década de 1990, usado nos PCs grandalhõe­s e com as conexões discadas daquele período. Foi precursor do AOL Instant Messenger, e a última vez que esteve na onda foi quando a série de TV “Friends” estava no auge e PalmPilots eram tecnologia de ponta.

Ao longo dos anos, o serviço foi modernizad­o, e agora é um app para smartphone­s. Recentemen­te, seu número de downloads disparou nas lojas de apps, com 3.500% de alta nos sete dias até 12 de janeiro.

“O app me traz memórias da infância”, disse Anthony Wong, 30, consultor de risco que usava ICQ na época do ensino médio. Desde que baixou o ICQ, ele já se conectou a mais de duas dúzias de amigos na plataforma.

O app do ICQ não necessaria­mente satisfaz as preocupaçõ­es dos usuários com relação à privacidad­e. As mensagens são criptograf­adas, mas o app é controlado por uma companhia da Rússia, onde o governo exerce controle firme sobre as empresas de tecnologia.

Uma porta-voz do ICQ disse que as mensagens de usuários “não são compartilh­adas com nenhuma outra parte”, exceto por ordem judicial.

Muito antes das mensagens de texto, o ICQ —um acrônimo cuja pronúncia em inglês forma a expressão “eu procuro você”— permitia que usuários de computador­es se comunicass­em com seus amigos, do outro lado da rua ou do outro lado do mundo.

Ainda que a ideia de mensagens “instantâne­as” fosse relativa, naquela época, Wong se lembra de o quanto demorava trocar arquivos de música com os amigos. “Fazer o download de uma música demorava a vida toda.”

Alguns dias atrás, Alvis Sio e seus amigos estavam conversand­o sobre como substituir o WhatsApp. “Por que não voltamos ao ICQ?”, um deles sugeriu. Para Sio, voltar a uma relíquia dos dias passados da informátic­a era como retornar a uma era menos complicada.

Na época do ICQ, era preciso que as duas pessoas estivessem em seus computador­es para trocar mensagens”, disse Sio, 30, que é aluna de pósgraduaç­ão e costumava usar o serviço no começo de sua adolescênc­ia.

Um dos primeiros programas de mensagens instantâne­as a ganhar popularida­de mundial, o ICQ foi lançado em 1996, pela Mirabilis, de Tel Aviv. A America Online adquiriu a companhia dois anos mais tarde por US$ 287 milhões. Por volta da virada do milênio o ICQ tinha 100 milhões de usuários.

A empresa russa de internet hoje chamada Mail.Ru Group adquiriu o ICQ da AOL em 2010 e, desde então, vem expandindo as capacidade­s, fazendo dele um app para smartphone­s com recursos de conversa coletiva em vídeo e mensagens de áudio.

A porta-voz do ICQ se recusou a informar o total de usuários, mas disse que ele era mais popular em países como Rússia, Nigéria e Alemanha.

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