Folha de S.Paulo

99 aumenta investimen­tos em carteira digital para fidelizar clientela

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SÃO PAULO | reuters A 99 vai escalar sua carteira digital 99Pay no Brasil, apostando em um pacote de benefícios e no uso recorrente de seu aplicativo de transporte urbano para enfrentar gigantes com dezenas de milhões de usuários, como PicPay e Mercado Pago.

“Prevemos terminar 2021 como uma das três maiores carteiras digitais do país em usuários ativos”, disse Maurício Orsolini Filho, diretor da 99Pay.

O plano mostra como a companhia comprada há três anos pelo grupo chinês Didi Chuxing planeja ampliar mecanismos para fidelizar clientes, na disputa com a rival maior Uber no país e ao mesmo tempo buscar opções para rentabiliz­ar a base.

Lançada no ano passado, a 99Pay opera hoje em apenas nove cidades, com 500 mil usuários, disse o executivo. Com a guinada neste ano, o objetivo é chegar aos 20 milhões de usuários ativos da 99, grupo atendido pelos cerca de 700 mil motoristas da marca em 1.600 cidades do país.

A ofensiva ocorre meses após uma aceleração das carteiras digitais no país, com as medidas de distanciam­ento social para tentar conter o avanço da pandemia levando milhões de pessoas a buscar meios online para pagar compras ou para receber recursos emergencia­is do governo.

O PicPay, por exemplo, triplicou sua base no ano passado, chegando a 41 milhões de contas. Além disso, redes varejistas estão expandindo ou lançando carteiras digitais próprias, campanhas em geral montadas em custosos subsídios.

Embora não revele o valor do investimen­to, a 99Pay vai pelo mesmo caminho, com ofertas que incluem desde rentabilid­ade de 220% do CDI sobre os recursos de clientes que ficarem na conta até descontos em viagens da 99 e nos pedidos na 99Food.

Embora vejam o movimento com algum otimismo, dado que isso tem contribuíd­o para reduzir a desbancari­zação, especialis­tas do setor bancário têm apontado que o mercado de carteiras digitais no país deve passar por uma consolidaç­ão, dado que grande fatia dos clientes dessas redes é redundante, ou seja, uma pessoa pode ser usuária de várias marcas ao mesmo tempo.

No entanto, poucos negócios de contas digitais conseguirã­o sobreviver rentáveis, e isso dependerá de quais empresas conseguirã­o manter a recorrênci­a de uso da sua base.

Para Orsolini Filho, por ter a carteira digital no mesmo guarda-chuva de um grupo que inclui aplicativo de transporte urbano e de encomenda de refeições, a 99 tem a vantagem de, mesmo eventualme­nte tendo uma base menor, ter um nível de utilização superior. E é esse o critério que a empresa usa ao prever que será uma das maiores do país, de contas usadas pelo menos uma vez nos últimos 30 dias.

E, para tentar otimizar o uso da carteira, a empresa tem ampliado a prateleira de serviços, incluindo a opção de o passageiro fazer um crédito na conta com o próprio motorista, que, por sua vez, recebe um bônus de 5% sobre o valor da transferên­cia.

O aplicativo permitirá ainda que a diferença do valor das corridas pagas em dinheiro possa ser devolvida na 99Pay e que os usuários da carteira transfiram valores entre si.

O objetivo é reduzir a quantidade de pagamentos feitos em dinheiro vivo, que representa­m cerca de 70% das corridas. Segundo o executivo, nas cidades em que a 99 já opera a carteira digital, esse índice caiu para 60%.

 ?? Mauro Pimentel - 4.jan.18/AFP ?? Aplicativo da 99, comprada em 2018 pelo grupo chinês Didi Chuxing
Mauro Pimentel - 4.jan.18/AFP Aplicativo da 99, comprada em 2018 pelo grupo chinês Didi Chuxing

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