Folha de S.Paulo

Uma casa branca numa cidade cinzenta

ITZCHAK BELFER (1923-2021)

- Sarita Mucinic Sarue coluna.obituario@grupofolha.com.br

SÃO PAULO Em 1912, foi inaugurado o orfanato Dom Sierot, em Varsóvia, na Polônia, um casarão branco que abrigava crianças judias, não por desejo religioso e sim pelo fato de o antissemit­ismo, o ódio gratuito contra os judeus, correr fértil em terras polonesas.

O que me inspirou a escrever este artigo foi a notícia da morte de Itzchak Belfer, 97, uma das milhares de crianças judias que viveram no orfanato de Henryk Goldszmit, mais conhecido como Janusz Korczak. Meu amigo nonagenári­o participou da “live da minha life”, do Memorial do Holocausto de São Paulo, no dia 13 de setembro de 2020. Ele contou sua linda história de superação e a infância privilegia­da no orfanato, que lhe garantiu uma vida adulta saudável. Itzchak nasceu num período turbulento da história, entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.

Viveu no orfanato dos sete aos 15 anos e saiu em 1938. Com atitude e coragem decidiu junto com um amigo fugir para a União Soviética para se alistar no Exército e lutar contra os nazistas. Ao final da guerra, com 20 anos e a adolescênc­ia roubada, voltou para sua cidade natal toda destruída e não encontrou seus familiares com vida. A mãe, os avós e irmãos foram mortos nas câmaras de gás da indústria da morte nazista. Em 1945, realizou seu sonho de emigrar para a Terra de Israel, a Palestina de então, sob domínio do Império Britânico.

O estímulo que recebeu no orfanato para desenvolve­r seu lado artístico foi o impulso para tornar-se um artista plástico de renome no país em que decidiu viver por 75 anos, até seu o último suspiro. Além das pinturas e esculturas produzidas durante os anos que viveu, publicou diversos livros de literatura infantojuv­enil. Proferiu palestras sobre a importânci­a do respeito e direitos da criança e o pleno desenvolvi­mento de suas potenciali­dades.

Na semana que antecede o Dia Internacio­nal em Memória as Vítimas do Holocausto (27/1), Itzchak Belfer morreu dormindo, suave como sua personalid­ade.

JOSÉ MACHADO SILVEIRA Aos 86, casado com Vera Kassov. Terça (26/1). Cremado no Rio de Janeiro

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