Folha de S.Paulo

Campeão do mundo no Inter, Luiz Adriano busca a Libertador­es agora com Palmeiras

Campeão do mundo no Inter, palmeirens­e não disputou continenta­l de 2006

- Bruno Rodrigues

são paulo Luiz Adriano marcou apenas dois gols com a camisa do Internacio­nal na carreira. O segundo deles, suficiente para eternizá-lo na história do clube. Foi na semifinal do Mundial de Clubes de 2006, contra o Al Ahly (EGI), que valeu o triunfo por 2 a 1 no jogo prévio à consagraçã­o colorada diante do Barcelona (ESP), em Tóquio.

O primeiro gol do atacante pelo Inter, que talvez nem os mais fanáticos torcedores lembrem, aconteceu em janeiro daquele ano. Em sua estreia na temporada, a equipe de Abel Braga venceu o Sport Club Gaúcho por 3 a 1, no Beira-Rio. Luiz Adriano saiu do banco para fazer o terceiro.

Entre um gol e outro, há uma lacuna que o agora jogador do Palmeiras poderá enfim preencher. Apesar de campeão do mundo, Luiz Adriano, 33, ainda não foi campeão da Libertador­es. Uma conta pendente que os palmeirens­es torcem para ele acertar no sábado (30), no Maracanã.

O atacante era um dos destaques da base colorada e foi incorporad­o ao elenco profission­al por Abel Braga no início de 2006. A concorrênc­ia no ataque, porém, era grande. O grupo tinha Fernandão, Iarley, Rafael Sobis e Rentería. Abel acabou não inscrevend­o Luiz Adriano na Libertador­es.

Sem poder disputar o torneio, ele reforçou a equipe sub-20 que disputaria o Brasileiro da categoria no primeiro semestre. O Inter foi campeão, e Luiz Adriano anotou duas vezes na goleada por 4 a 0 sobre o Grêmio na final.

Depois que os gaúchos confirmara­m o título da América, o atacante passou a ser utilizado no time principal em jogos do Nacional, que serviram de preparação para o Mundial de Clubes no fim do ano.

“O nome do Luiz Adriano estava sempre em evidência. Tinha ele e o Pato, os principais jogadores da base, e já existia essa questão de subi-los para o time principal. A base ficou pequena para eles. Com a lesão do Rentería [antes do Mundial], ele ganhou muito mais força”, lembra Iarley, seu colega no Internacio­nal.

Em Tóquio, o jovem jogador, então com 19 anos, marcou o segundo no triunfo diante do Al Ahly e participou do gol de Adriano Gabiru, contra o Barcelona. Na final, ele ganhou de cabeça no meio de campo e a bola sobrou para Iarley, que serviu Gabiru para marcar o gol do título mundial.

O cearense, que já havia chegado ao torneio como campeão do mundo, pelo Boca Juniors, lembra de como Luiz Adriano, apesar da pouca idade, sentia menos tensão do que atletas mais experiente­s.

“Ele sempre puxava as músicas, cantava dentro do ônius antes dos jogos. A gente preocupado às vezes, eu particular­mente, com o que eu ia falar para o grupo. E ele já entrava no ônibus batucando, com alegria. Entrávamos no embalo. O Luiz Adriano não ficava nervoso com nada.”

Em 2007, o atleta se transferiu para o Shakhtar Donetsk (UCR), onde atuaria na maior parte da carreira. Pelo clube ucraniano, foram 150 gols em 313 jogos, além de 11 títulos. O mais importante deles foi a conquista da Copa da Uefa na temporada 2008/2009, em que a equipe superou o Werder Bremen, com gols de Luiz Adriano e Jadson.

O início do atacante na Ucrânia, contudo, não foi fácil. Com dificuldad­es para se adaptar, a frieza parece ter dado lugar a certa irritação, e o gaúcho cogitou deixar o país em sua primeira temporada.

“Ele comeu o pão que o diabo amassou, jogou no Shakhtar II (time B do clube). Ele disse que às vezes saía de casa só com o café da manhã e ficava assim o dia todo. Estava muito bravo, queria sair”, conta Ilsinho, ex-São Paulo e companheir­o dele no Shakhtar.

“Mas teve um jogo específico, uma bola que ele dividiu com o goleiro, quase uma joelhada na cabeça, e inchou o rosto dele. Depois desse dia que ele bateu a cabeça, ele voltou outro jogador. Jogava todo mundo no alambrado, trombava com qualquer um. O Luiz não aparenta ser dos mais fortes, mas ele tem uma força física que poucos têm.”

Na Ucrânia, o porto-alegrense ampliou o seu repertório. Antes um jogador de velocidade pelos lados, Luiz Adriano aprendeu a reter a bola entre os zagueiros e a realizar as corridas em diagonal, o popular “facão” dos boleiros. Uma gama de qualidades que ele exibe hoje no Palmeiras.

Força e velocidade são atributos que Luiz Adriano sintetizou com maestria no segundo gol da vitória sobre o River Plate (ARG) na semifinal da Libertador­es, em Avellaneda.

Pressionad­o pelo zagueiro, o palmeirens­e superou o adversário com um giro de corpo e ganhou campo para correr. A arrancada desde a linha do meio de campo terminou com a finalizaçã­o na saída de Armani. Gol do camisa 10, que mostrou a potência de um 9.

Eliminado com o Palmeiras nas quartas de final de 2019, o atacante fez apenas as dois jogos contra o Grêmio naquela edição. Na atual campanha, participou de toda a disputa e se consolidou como artilheiro do time ao lado de Rony, com cinco gols em seis jogos.

A busca, agora, é pela coroação no Maracanã. O carimbo para que Luiz Adriano volte ao Mundial de Clubes sem nenhuma lacuna no currículo.

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