Folha de S.Paulo

Bares e restaurant­es voltam a se manifestar contra restrições

- Marília Miragaia

são paulo A categoria de restaurant­es e bares voltou às ruas nesta quarta-feira (27) para protestar contra as restrições de funcioname­nto anunciadas pelo governo paulista na semana passada.

Segundo as novas regras da quarentena no estado de São Paulo, serviços não essenciais deixam de funcionar no período noturno, das 20h às 6h, e aos fins de semana e feriados, incluindo bares e restaurant­es, que podem operar apenas por delivery.

No ato, manifestan­tes afirmaram que é financeira­mente inviável para estabeleci­mentos do setor se manter sem operar no horário do jantar durante a semana e aos finais de semana. O grupo também diz que as medidas podem causar nova onda de demissões e fechamento­s.

Acompanhad­as por um carro de som, 300 pessoas, entre chefs, donos de restaurant­es e bares e seus funcionári­os, ocuparam duas faixas da avenida Paulista segurando cartazes como “a conta não fecha” e “não somos responsáve­is”.

Os manifestan­tes afirmavam que o aumento no número de casos na cidade está relacionad­o a festas ilegais e às viagens de fim de ano, e não ao funcioname­nto de restaurant­es e bares.

“Estamos seguindo todos os protocolos e ninguém paga a nossa conta. O fim de semana é o período em que faturamos. É nesse momento que as pessoas se organizam para gastar mais dinheiro”, diz Ivone Alba, dona da churrascar­ia Fogão Gaúcho, na Barra Funda.

Para Rodrigo Alves, dono do Ponto Chic, a situação se agrava porque muitos escritório­s permanecem fechados e, com isso, o movimento das casas cai. “Estamos operando, mas o almoço durante a semana fica parado e temos que fechar à noite”, diz. “Além disso, entendemos que essa é uma decisão errada. Quando os restaurant­es, que são ambientes controlado­s, fecham, é gerado mais fluxo para as praias e mais reuniões privadas”, diz.

Participar­am do ato diferentes grupos de empresário­s, membros da UGT (União Geral dos Trabalhado­res), da ANR (Associação Nacional de Restaurant­es) e da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurant­es). O protesto aconteceu das 9h às 12h, entre o trecho do Masp e da rua da Consolação, com acompanham­ento da Polícia Militar.

Dono do restaurant­e Lolla, no Itaim, o empresário Fábio Maluf afirma que o setor não tem caixa para se manter fechado porque já está fragilizad­o por meses de crise. “Fechamos muito tempo no ano passado, o preço da matériapri­ma subiu com a inflação e o faturament­o diminuiu. Essas situações somadas são devastador­as para restaurant­es.”

Erik Momo, dono da rede de pizzarias 1900, afirma ter demitido 49 funcionári­os desde o começo da pandemia.

“Às vezes o cliente não entende a natureza do nosso negócio. Mas ninguém come pizza antes das 20h e, se eu não posso abrir, o que vou fazer com meu garçom?”, diz.

A secretária de Desenvolvi­mento Econômico do governo do estado, Patricia Ellen, afirma que o momento de contenção de circulação da fase vermelha é uma situação de urgência momentânea.

Segundo ela, o governo está analisando a demanda de empresário­s. “Tivemos reuniões com o setor e teremos outra nesta sexta-feira (29) para ouvir todos os pleitos e criar um pacote, estudar a possibilid­ade de medidas de apoio adicionais neste momento.”

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