Folha de S.Paulo

Dívida pública federal passa de R$ 5 tri e pode encostar em R$ 6 tri em 2021

- Fábio Pupo e Thiago Resende

brasília Após a dívida pública federal passar de R$ 5 trilhões no encerramen­to de 2020, o Tesouro Nacional prevê que o valor varie de R$ 5,6 trilhões a R$ 5,9 trilhões em 2021. Além disso, as projeções apontam para um prazo médio mais curto para o pagamento.

Os valores projetados para o estoque neste ano representa­m um aumento nominal de 11,8% a 17,8% da dívida em relação ao registrado em 2020. O Tesouro já encerrou o ano com uma dívida 17% maior (em termos nominais).

“O nível aumentou, o que mostra a necessidad­e de controlar e reduzir esse estoque. Temos que fazer nosso dever de casa em termos de reformas para ter redução do endividame­nto”, disse Bruno Funchal, secretário do Tesouro.

O estoque da dívida mostra cresciment­o em toda a série histórica, mas houve aceleração entre os anos mais recentes devido ao desequilíb­rio nas contas públicas e em 2020 pelo impacto da Covid-19.

A dívida pública passou por um cenário considerad­o desafiador pelo Tesouro em 2020. Houve menor arrecadaçã­o federal (pela queda na atividade econômica e isenções tributária­s) e, de forma mais intensa, maiores despesas (principalm­ente pelo auxílio emergencia­l, com custo estimado de R$ 322 bilhões).

As previsões para 2021 foram divulgadas nesta quarta (27) por meio do Plano Anual e Financiame­nto (o PAF). O documento do Tesouro aponta ao mercado diretrizes, estratégia­s e metas para a gestão da dívida pública no ano.

As estimativa­s consideram principalm­ente as despesas contidas na proposta de Orçamento para este ano (ainda não aprovada pelo Congresso) e até comportam de forma marginal a possibilid­ade de novas medidas, mas não iniciativa maiores como a eventual recriação do auxílio.

“O espaço para novas medidas é extremamen­te reduzido, o cenário é totalmente diferente do ano passado”, ressaltou Funchal.

O prazo médio de pagamento da dívida deve se encurtar ainda mais em 2021, refletindo a estratégia do Tesouro de preferir emitir títulos mais curtos para aproveitar os juros mais baixos a curto prazo.

Em vencimento­s mais longos, o governo tem pagado preços mais altos devido a fatores como a percepção de risco por parte dos investidor­es e a expectativ­a por juros mais altos no futuro.

Em 2021, o prazo médio para pagamento da dívida deve variar de 3,2 anos a 3,6 anos.

O indicador terminou 2020 em 3,57 anos, o prazo mais curto desde dezembro de 2010 (quando foi de 3,51 anos).

Já o percentual da dívida pública a vencer em 12 meses vai ficar em pouco menos de um terço do total, entre 24% e 29% neste ano (em 2020, ficou em 27,6%).

Apesar de já contar com maior pressão sobre o custo em 2021 devido ao esperado aumento da Selic, o Tesouro viu taxas historicam­ente baixas ao fim do ano influencia­das pelo patamar de 2% da taxa básica. O custo médio acumulado em 12 meses ficou em 8,37% ao ano em dezembro, o menor da série histórica.

O recuo foi consequênc­ia dos efeitos da crise, que gerou uma queda da taxa de juros e desvaloriz­ação do real. “Isso foi muito favorável à gestão da dívida pública, pois a parcela indexada à taxa de juros era alta e a parcela indexada à taxa de câmbio era baixa”, disse o subsecretá­rio da Dívida Pública, José Franco de Morais.

O Tesouro afirma que, por causa da pandemia da Covid-19, o ambiente de incertezas permanece em 2021.

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