Folha de S.Paulo

Fuvest monitora 300 pessoas por causa da Covid-19 após primeira fase do vestibular

- Dhiego Maia

são paulo Ao menos 300 pessoas são monitorada­s por possíveis sintomas de Covid-19 após a realização da primeira fase do vestibular da Fuvest, a responsáve­l por selecionar vagas na graduação da USP (Universida­de de São Paulo).

A primeira fase ocorreu no dia 10 deste mês, e os 113.468 candidatos que comparecer­am tiveram 90 questões relacionad­as ao conteúdo programáti­co do ensino médio.

Eram esperados 130.678 participan­tes (inclui treineiros) —a abstenção foi de 13,2%, bem maior da registrado em 2020, de 7,9%.

Os monitorado­s incluem colaborado­res que atuaram na aplicação do exame e os candidatos.

Eles procuraram a fundação para informar os possíveis sintomas da doença que estão sentindo e também questionar­am as medidas de prevenção empregadas no vestibular.

A Fuvest diz que os casos suspeitos estão sendo acompanhad­os por uma assessoria médica externa à fundação. “[A assessoria médica] tem focado em acompanhar o estado de saúde dessas pessoas e no entendimen­to dos casos para eventuais aperfeiçoa­mentos dos protocolos de saúde”, segundo trecho de nota encaminhad­a à Folha.

O monitorame­nto é feito à distância por meio de um formulário via internet, com questões específica­s, e funciona como um diário de bordo de saúde. A depender das respostas, a equipe médica da Fuvest diz que complement­a o atendiment­o por telefone.

Até agora, só um candidato apresentou teste positivo para Covid-19 no dia seguinte à realização do exame, dia 11 (segunda-feira). “No caso da sorologia apresentad­a, a presença de anticorpos IgM em 11/1 pode não indicar transmissi­bilidade do vírus à época da prova”, diz a Fuvest.

A fundação explicou que, no caso do candidato com resultado positivo, a literatura científica tem observado que o clareament­o dos anticorpos IgM pode levar até semanas para se manifestar.

O que leva a crer, diz a Fuvest, que o caso apresenta uma “dissociaçã­o com o diagnóstic­o simultâneo e a transmissi­bilidade da Covid-19”.

O IgM é um anticorpo produzido no início do contágio. Sua presença indica que a pessoa já está com Covid-19. Se o participan­te da prova com Covid-19 estivesse com IgM alto um dia após o vestibular, provavelme­nte já estava doente no dia da prova. O que não é possível precisar é se ele poderia transmitir ou não o vírus.

A Fuvest informou os demais candidatos e os aplicadore­s da prova que estavam na sala do participan­te que testou positivo para Covid-19.

Eles integram o grupo dos 300 monitorado­s pela assessoria médica. Para preservar a identidade, a fundação disse que não poderia divulgar sala, prédio, e nem a cidade onde o caso positivo foi registrado.

A primeira fase usou 5.319 salas de 148 prédios distribuíd­os por 35 cidades paulistas.

Entre os colaborado­res, a Covid-19 também não deu trégua. Pouco mais de 200 pessoas entre os 1-.665 colaborado­res tiveram de ser substituíd­as por estarem com suspeita ou confirmaçã­o da doença antes da primeira fase do vestibular.

Salas cheias e ausência de plano de prevenção fizeram o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano bater recorde de abstenção, com índice de 55,3% no segundo dia do exame, no dia 24 deste mês.

A edição 2021 da Fuvest ocorre no momento em que a pandemia ganha força no estado de São Paulo.

Mesmo assim, o exame teve aval do Centro de Contingênc­ia da Pandemia, do governo Doria (PSDB), para ser realizado independen­temente do estágio da Covid-19 graças a um plano de biossegura­nça criado para resguardar a saúde de candidatos e organizado­res do vestibular.

O plano se propôs a criar “salas anticontam­inação”, com lotação máxima de até 40% de candidatos a 1,5 metro de distância uns dos outros.

Com lugares marcados, os candidatos encontrara­m um sachê embebido em álcool 70% para higienizar os assentos antes do início da prova. Nas salas, não foi permitido ar-condiciona­do, e as janelas permanecer­am abertas.

Também foi exigido uso de máscara no rosto durante a prova. Quem se recusasse a usá-la, seria desclassif­icado.

O protocolo sanitário da Fuvest é curinga: visa proteger a saúde de quem busca vaga na USP, e a organizado­ra, de questionam­entos sobre contaminaç­ões nos locais de prova.

“Estruturam­os um plano para evitar ao máximo as contaminaç­ões. Se percebemos nível alto de casos numa sala, comunicare­mos todas as pessoas que estiveram nela para fazerem exames e se cuidarem. Mas não podemos ser responsabi­lizados por isso, porque as regras de biossegura­nça foram implementa­das”, disse a pedagoga Belmira Bueno, diretora da Fuvest, antes da realização da 1ª fase.

O que chamou a atenção da reportagem na primeira fase do teste foi a ausência de medição da temperatur­a dos candidatos. A febre é um sintoma recorrente da Covid-19.

A Fuvest explicou que aferir temperatur­a causaria aglomeraçõ­es e que pessoas com Covid-19 e febris costumam apresentar grande prostração. Este fato fez a fundação crer que a maioria dos candidatos nestas condições não estiveram na primeira fase de provas.

Os aprovados na primeira fase voltarão à segunda etapa da seleção entre os dias 21 e 22 de fevereiro. Estão sob disputa 8.242 vagas; outras 2.905 serão selecionad­as pelo Sisu, do governo federal.

“Os candidatos que tenham tido confirmaçã­o de Covid-19 após a realização do exame devem entrar em contato para que a fundação possa ampliar o monitorame­nto de acordo com o protocolo de biossegura­nça, medida que reafirmamo­s para a segunda fase do exame”, diz nota da Fuvest.

A primeira lista de aprovados será divulgada no dia 15 de março.

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Eduardo Anizelli - 10.jan.21/Folhapress Candidato da Fuvest usa máscara ao entrar em local de prova no dia da primeira fase do exame

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