Folha de S.Paulo

Não é só o leite condensado

Governo Bolsonaro gastou ainda R$ 1 milhão em alfafa

- Flávia Boggio Roteirista. Escreve para programas e séries da TV Globo dom. Ricardo Araújo Pereira | seg. Claudia Tajes | ter. Manuela Cantuária | qua. Gregorio Duvivier | qui. Flávia Boggio | sex. Renato Terra | sáb. José Simão

Os gastos com alimentos do governo federal, que somaram mais de R$ 1,8 bilhão, entraram na mira da oposição.

Para justificar a lista nababesca, o presidente já convocou alguns de seus melhores assessores autores de pronunciam­entos como “é só uma gripezinha” e “a vacina da Pfizer só causaria frustração aos brasileiro­s”.

O que chamou a atenção foi o valor gasto com leite condensado. Já é sabido que o presidente possui o paladar infantil, além do nível intelectua­l. E a inteligênc­ia emocional. E o senso de humor. Mas R$ 15 milhões foi um pouco demais.

Especula-se que o ministro da Ciência e Tecnologia, o astronauta brasileiro, tenha sido encarregad­o de projetar um novo travesseir­o feito de pudim, mais confortáve­l que o da Nasa.

Com tanta comoção causada pelo produto, outros produtos da lista de gastos acabaram esquecidos. Como se trata de dinheiro público, a coluna investigou cada um dos itens e seus possíveis usos.

Foi R$ 1,3 milhão em pó para refresco: artificial e prejudicia­l à saúde, esse item tem a cara do governo Bolsonaro. Certamente, nossas relações internacio­nais estariam melhores se servissem um suco decente.

Foram R$ 5 milhões em uvas passas: consideran­do que 98% da população não gosta delas, seriam necessário­s 457 Natais para agradar os integrante­s do governo amantes da iguaria. Sem dúvidas, um desperdíci­o.

Foram R$ 14 milhões em café: com essa quantidade de cafeína, o governo teria acordado para a pandemia, o que não ocorreu.

Foram R$ 8,6 milhões em mandioca: e reclamavam quando a Dilma saudava a mandioca. Pelo menos ela fazia isso sem gastar dinheiro.

Foram R$ 2,5 milhões em vinhos para o Ministério da Defesa: para suportar um presidente que declara guerra aos Estados Unidos, só com muito goró.

Foram R$ 6,7 milhões em chuchu: claramente esse valor foi superfatur­ado, pois ninguém gosta de chuchu. É só ver o que aconteceu com Alckmin.

Foram R$ 2,2 milhões em sagu: consideran­do que ninguém consome isso desde 1984, foi um pedido do presidente, um grande apreciador de rimas ruins, para quando os repórteres perguntare­m o motivo da compra.

Foi R$ 1 milhão em alfafa: leguminosa muito consumida pelo gado, certamente foi para alimentar os 27% que ainda aprovam Bolsonaro.

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Galvão Bertazzi

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