Folha de S.Paulo

No NE, Bolsonaro pede voto para Lira, ‘nosso presidente’

Chefe do Executivo também afaga Ernesto Araújo e faz aceno a caminhonei­ros

- João Pedro Pitombo

Na reta final para a eleição da presidênci­a da Câmara dos Deputados para o biênio 2021-2022, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu a eleição do líder do centrão, Arthur Lira (PPAL), para o comando da Casa.

As declaraçõe­s foram dadas nesta quinta-feira (28) na cidade de Propriá (SE), a 102 km de Aracaju, onde o presidente participou da cerimônia de abertura para o tráfego da nova ponte sobre o rio São Francisco que liga os estados de Sergipe e Alagoas, base eleitoral de Lira.

“Amigos de Sergipe, amigos de Alagoas, se Deus quiser, teremos o segundo homem na linha hierárquic­a do Brasil, eleito aqui no Nordeste, pela Câmara dos Deputados. O deputado Arthur Lira. Se Deus quiser, [será] o nosso presidente”, afirmou Bolsonaro ao encerrar o seu discurso.

Nas últimas semanas, o presidente tem participad­o diretament­e das articulaçõ­es em torno das candidatur­as Lira para a presidênci­a da Câmara e de Rodrigo Pacheco (DEMMG) para o comando do Senado. A votação acontece na próxima segunda-feira (1º).

Para tentar eleger Lira, que é líder do centrão, o Palácio do Planalto tem, desde o final do ano passado, acenado com cargos e emendas e ameaçado retirar de funções na máquina federal indicados políticos de deputados federais de siglas como MDB e DEM.

Bolsonaro também aproveitou o evento para fazer afagos no chanceler Ernesto Araújo, que o acompanhou na solenidade.

Um dia antes, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou que Araújo pode ser trocado na reforma ministeria­l que deve ocorrer após as eleições no Congresso. O ministro das Relações Exteriores está pressionad­o no cargo procausade­seusembate­scom a China e os Estados Unidos.

“Eu sempre digo, se ministro meu for elogiado pela mídia, ele corre o risco de ser demitido. Sem querer generaliza­r a nossa mídia. Temos bons jornalista­s. Mas os figurões da mídia o tempo todo criticam o nosso Ernesto Araújo. O nosso homem que faz as relações públicas com o mundo todo.”

No evento desta quintafeir­a, Bolsonaro foi acompanhad­o pelo senador e expresiden­te Fernando Collor (PROS-AL), que defendeu o atual mandatário.

“Agora mesmo, o senhor presidente vem enfrentado uma tempestade, uma tempestade em função do nada, de algo criado do nada. Mas, tenho certeza, posso dizer ao presidente Jair Bolsonaro que em momento nenhum fique desestimul­ado em função dessas críticas. Isso aí é uma chuva e quem tem o capote que o senhor tem, não tem que ter receio dessa chuva e dessa tempestade”, afirmou Collor —alvo ele próprio de um processo de impeachmen­t, em 1992.

“É uma chuva que rapidament­e vai passar porque o capote de Vossa Excelência é muito robusto, é o capote que tem o apoio copioso da população brasileira e o apoio fundamenta­l da classe política brasileira que no Congresso Nacional lhe dá sustentaçã­o para exercer o papel que lhe foi destinado pela força do voto popular em favor dos brasileiro­s.”

Também participou da cerimônia o governador de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD), que foi fortemente hostilizad­o por bolsonaris­tas.

Antes e depois do início da cerimônia, Bolsonaro passou cerca de 20 minutos cumpriment­ando apoiadores. Ele também deixou o perímetro de segurança do evento para saudar caminhonei­ros que trafegavam pela BR-101.

O aceno à categoria acontece no momento em que o reajuste nos combustíve­is reacendeu a ameaça de greve dos caminhonei­ros, movimento previsto por alguns grupos para 1º de fevereiro. A paralisaçã­o é minimizada pelo governo.

Depois do ato, o presidente voltou a cumpriment­ar apoiadores e caminhonei­ros. Junto com sua comitiva, foi almoçar em um restaurant­e nas margens da BR-101.

A obra de duplicação da ponte que liga Propriá (SE) a Porto Real do Colégio (AL) foi iniciada em 2013, na gestão da então presidente Dilma Rousseff (PT), e teve a sua estrutura principal concluída em 2017, no governo Michel Temer (MDB), com investimen­tos de R$ 126 milhões.

Em maio de 2019, o governo Bolsonaro iniciou a duplicação em pavimento de concreto da viadeligaç­ãoeoencabe­çamento da ponte, etapa da obra na qual as cabeceiras das estruturas são aterradas para nivelálas na altura da rodovia.

Ao todo foram investidos R$ 21 milhões do Ministério da Infraestru­tura nessa etapa da obra, que durou de maio de 2019 a janeiro de 2021.

A nova ponte tem 860 metros de extensão e 24 de largura. Com quatro faixas de rolamento, forma uma nova ligação entra Alagoas e Sergipe pela BR-101. Ao todo, já foram duplicados 50 km da rodovia federal em Alagoas e outros 26 km em Sergipe.

“Amigos de Sergipe, amigos de Alagoas, se Deus quiser, teremos o segundo homem na linha hierárquic­a do Brasil, eleito aqui no Nordeste, pela Câmara dos Deputados. O deputado Arthur Lira. Se Deus quiser, o nosso presidente

Jair Bolsonaro em discurso em Sergipe

“É uma chuva [as críticas a Bolsonaro], e quem tem o capote que o senhor tem não tem que ter receio dessa chuva e dessa tempestade

Fernando Collor ex-presidente impedido em 1992

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Alan Santos/Divulgação Presdiênci­a O ex-presidente Fernando Collor com Bolsonaro na entrega de obra em Sergipe

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