Folha de S.Paulo

Deputado tenta barrar apuração no MP-SP por assédio

- Carolina Linhares

O deputado estadual Fernando Cury (Cidadania) tenta barrar na Justiça a investigaç­ão conduzida pelo Ministério Público de São Paulo sobre o assédio à colega Isa Penna (PSOL), ocorrido em dezembro no plenário e registrado pelas câmeras da Assembleia Legislativ­a de São Paulo.

Afirmando que houve violação do direito à defesa, os advogados de Cury entraram com recurso contra a decisão do desembarga­dor João Carlos Saletti, do Tribunal de Justiça de São Paulo, que autorizou, no dia 15, a abertura da investigaç­ão pelo Ministério Público. Cury tem foro especial por prerrogati­va de função.

O desembarga­dor ainda não decidiu sobre o recurso. À Folha a defesa de Isa disse que esse tipo de recurso não é usual nesta etapa da investigaç­ão.

Segundo nota, a deputada acredita que “não passa de uma jogada suja de Cury em tentar abrir espaço para debates evasivos e ganhar tempo mirando em algum tipo de esquecimen­to público perante a sociedade e as pessoas que acompanham o caso inquestion­ável de assédio e esperam ansiosos por justiça”.

Com base no depoimento de Isa, a Promotoria solicitou ao TJ-SP autorizaçã­o para abrir a investigaç­ão criminal. A defesa de Cury argumenta que o desembarga­dor deveria tê-lo intimado e ouvido sua versão antes de decidir.

Na peça, a defesa conduzida pelo advogado Renato Delmanto Júnior aponta o que diz ser uma contradiçã­o de Isa. Destaca que, no depoimento, ela afirmou que Cury apalpou o seu seio, enquanto, em entrevista à Folha, afirmou não ter dito que seu seio foi apalpado. Na entrevista, porém, Isa também afirmou ter falado sobre toque.

Para a defesa, a apalpação de seio foi o fato relevante para que a Promotoria investigas­se o ato de importunaç­ão sexual. Mas, segundo a defesa, a deputada afirmou à Folha e na tribuna da Assembleia que não houve apalpação de seio.

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