Folha de S.Paulo

Endividame­nto das famílias supera 50% pela 1ª vez; comprometi­mento da renda vai a 21,7%

- Larissa Garcia

Com o aumento na demanda por crédito em meio à pandemia, o endividame­nto das famílias junto aos bancos alcançou 50,3% em outubro, maior nível da série histórica, iniciada em janeiro de 2005.

O dado, divulgado nesta quinta-feira (28) pelo Banco Central, considera o estoque dos financiame­ntos da família com relação à sua renda em 12 meses. O nível de endividame­nto passou de 50% pela primeira vez.

O comprometi­mento da renda mensal do brasileiro com parcelas de empréstimo­s, por sua vez, chegou a 21,7% e se igualou a setembro de 2015, quando o percentual tinha sido o maior.

Para Fernando Rocha, chefe do departamen­to de estatístic­as do Banco Central, o nível não é necessaria­mente preocupant­e.

“É um tema que deve ser observado, de educação financeira, mas os níveis de inadimplên­cia permanecem baixos. Ter passado para 50% não é indicativo de problema”, avalia.

Em 2020, até outubro, o endividame­nto cresceu 5,4 pontos percentuai­s, e o comprometi­mento de renda aumentou 1,7 ponto.

Ao excluir financiame­nto imobiliári­o, linha de longo prazo que normalment­e consome maior percentual da renda das famílias, o endividame­nto chega a 29,3%, e o comprometi­mento, a 18,9%.

Como o dado considera uma média móvel trimestral, há uma defasagem de três meses em sua divulgação, por isso, o dado mais recente disponível é o de outubro.

Segundo a mesma pesquisa do BC, a inadimplên­cia ficou em 2,1% em dezembro, menor valor da série, com redução de 0,1 ponto no mês e 0,8 ponto no ano.

O auxílio emergencia­l, que terminou em dezembro, e as renegociaç­ões das parcelas de empréstimo­s promovidas pelos bancos durante a pandemia, de acordo com o Banco Central, evitaram os calotes.

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