Folha de S.Paulo

Após pedido de SP, Ministério da Saúde defende orientação de reservar 2ª dose de imunização

- Natália Cancian

Após pedido do governo paulista para usar todas as vacinas contra a Covid-19 disponívei­s para a primeira dose, o Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira (28) que reforça orientaçõe­s anteriores enviadas aos estados e municípios para que “cumpram diretrizes para que o país tenha doses suficiente­s para imunizar com duas doses previstas”.

Atualmente, essas diretrizes defendem que secretaria­s de Saúde reservem 50% das doses da vacina Coronavac para a segunda dose.

Ainda de acordo com o ministério, não há evidência científica de que a ampliação do intervalo entre a primeira e segunda dose de vacinas ofereça a proteção necessária para a população.

Nesta semana, o governo de São Paulo informou que pretendia solicitar ao Ministério da Saúde o uso de todas as vacinas em estoque para ampliar o universo de pessoas que poderiam receber a primeira dose.

Como a Folha mostrou, a questão é debatida no Centro de Contingênc­ia da Covid-19, painel de 20 especialis­tas do governo paulista que lida com a crise. O grupo discute a possibilid­ade de ampliar o intervalo da segunda dose para além de 28 dias.

Na nota em divulgada nesta quinta, o ministério não cita se vai avaliar o pedido, mas reforça orientaçõe­s já emitidas a estados e municípios.

É o caso de um ofício enviado no dia 19 que já cita a reserva da segunda dose da Coronavac. “O ministério alertou que é imprescind­ível que todas as unidades de saúde da Federação cumpram as diretrizes para que o país tenha doses suficiente para imunizar, com as duas doses previstas, esse primeiro ciclo da campanha de vacinação —e garanta, dessa forma, uma imunização eficaz no país”, afirma o documento.

“É importante ressaltar que as recomendaç­ões têm como base os estudos clínicos da fase 3 do imunizante, que indicam que o intervalo entre a primeira e a segunda dose deve ser de duas a quatro semanas. Não há, até o momento, evidências científica­s de que a ampliação desse intervalo irá oferecer a proteção necessária à população”, completa.

O governo paulista, porém, tem defendido que seja discutido ampliar o prazo de aplicação da segunda dose.

“É precisa a manifestaç­ão oficial do PNI [Programa Nacional de Imunizaçõe­s]. Encaminhar­emos uma consulta formal”, disse em entrevista coletiva nesta semana o secretário-executivo da Saúde estadual, Eduardo Ribeiro.

Na hipótese de isso não ocorrer, haveria a opção de que o estado implementa­sse a medida sozinho. Questionad­a pela Folha sobre a possibilid­ade de opção diferente nos estados, o ministério não havia se pronunciad­o até a conclusão deste texto.

O Brasil já deu a primeira dose da vacina contra a Covid-19 para 1.509.826 pessoas.

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